15.4.09 | Autor: Maria Augusta

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Mudar de calçada para seguir o som de uma música, curtir o barulho da chuva caindo sobre o telhado, se deliciar com o cheirinho do pão quente que vem das padarias nas manhãs frias de inverno, "perder a hora" andando devagarinho para curtir a natureza desabrochando na primavera, vagar sem rumo numa cidade desconhecida, você já saboreou um desses pequenos prazeres da vida? Eu já o fiz, e garanto que é muito bom. Graças a isto, me disseram que sou hedonista, ou ainda epicurista...fiquei pensando, o que é isto?

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Fiquei sem saber até que tive o prazer de conhecer um grupo de filósofos. Então eles me explicaram que os hedonistas acham a finalidade da vida é alcançar o prazer, enquanto os epicuristas acreditam que se deve encontrar o prazer em cada ato, mas não a qualquer preço, quer dizer não se deve correr riscos incomensuráveis para atingi-lo, pois o resultado pode causar o efeito inverso, isto é, a dor. Enfim, o epicurismo seria um "hedonismo ético"...Atualmente pode-se achar muito normal que se oriente a vida em função do prazer, seja dos pequenos, seja dos mais intensos como é o caso do prazer sexual. No entanto, na Idade Média, a Igreja condenou esta doutrina por achá-la incompatível com os princípios cristãos que pregam a virtude e a abstinência.

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Ela foi reabilitada na época da Renascença, quando filósofos como Erasmus e Thomas More afirmaram que Deus não poderia ser contra a felicidade dos homens, trazida pelo prazer. Mas os ocidentais não foram os únicos a enquadrar o prazer em sua filosofia. Vejam o caso dos orientais com "a cerimônia do chá". Nela, o prazer de todos os sentidos é exaltado, aliando o odor, o sabor, a visão do ambiente com a beleza e a harmonia dos gestos e também a conversação, tantos prazeres aliados a gestos simples e cotidianos, que é são a preparação e a degustação do chá.

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Mas quando se fala em curtir os pequenos prazeres da vida me vem à mente o filme "O Fabuloso Destino de Amélie Poulain". Pois ela que tinha uma vida "banal" encontrava seu prazer em gestos como jogar pedrinhas no rio para vê-las ricochetear, se lambusar de doce para poder lamber os dedos, mergulhar os dedos num saco de grãos para sentir as sensações, quebrar a casquinha de um "creme brulée", e também ajudando as outras pessoas a encontrar o próprio prazer...e como ela vivia no ambiente idílico de Montmartre, que é um lugar realmente delicioso com suas ladeiras e seus artistas, coloquei um pouco do universo de Amélie Poulain neste diaporama (CLIQUE NA IMAGEM ABAIXO PARA VER O DIAPORAMA E OUVIR A MÚSICA)...pour nous faire plaisir!

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Este post faz parte da Tertúlia Virtual organizada pelo Varal de Idéias e pelo Expresso da Linha.



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41 comentários :

On 15 de abril de 2009 às 11:25 , Meire disse...

A tertulia era hoje e mais uma vez me perdi...preciso me organizar melhor..
Eu gosto de curtir pequenos momentos, parar para admirar uma pedrinha, o detalhe de uma petala de flor, o formato da pipoca me faz viajar...Gost de tirar porazer das situaçoes mais simples.

Bjs

 
On 15 de abril de 2009 às 11:37 , Unknown disse...

Por vezes, os grandes prazeres estão nas pequenas coisas...

 
On 15 de abril de 2009 às 11:44 , jugioli disse...

Maria Augusta, adorei flanar neste seu lindo texto.
Sempre um prazer...

@dis-cursos

 
On 15 de abril de 2009 às 12:11 , Ví Leardi disse...

O prazer neste 'lado do jardim'é sempre delicioso...como esta sua postagem ...só a música já valeria um post .Mil beijos

 
On 15 de abril de 2009 às 12:13 , Fátima Santos disse...

mais um post de me deixar louca de prazer :)

 
On 15 de abril de 2009 às 12:24 , Aninha Pontes disse...

E são verdadeiramente nesses pequenos atos, que se encontram as maiores fontes de prazer.
Basta que tenhamos coragem de olhar esentir.
Um beijo

 
On 15 de abril de 2009 às 13:19 , Jorge Pinheiro disse...

As insignificâncias e as sensações... Bela abordagem. Tb. a partilho. A busca do eterno prazer é de facto uma miragem. Eventualmente conduz a uma filosofia de tipo epicurista que acaba por ser chata que se farta ou a uma religião para a qual é preciso ter fé, esse prazer supremo a que só alguns é dado aceder. Enfim, ter prazer acontece!
Et tu m'as fait beaucoup de plaisir. Merci bien.

 
On 15 de abril de 2009 às 13:49 , . disse...

Seus prazeres poderia dizer são perfeitos..
Abraço

 
On 15 de abril de 2009 às 16:01 , Vanessa Anacleto disse...

Olá, tb estou na Tertúlia deste mês e vim conferir seu post. Belíssimo texto!

Abraço

 
On 15 de abril de 2009 às 16:02 , Susana Falhas disse...

Foi um prazer ler este post! Aprendi mais um pouco sobre a forma como o Homem tem vindo a encarar o prazer ao longo dos tempos!

Parabéns!

Susana

 
On 15 de abril de 2009 às 16:02 , Marco Antônio disse...

Aqui sempre há uma surpresa. Gostei muito do seu post, não sei porque mas me fez pensar no mio amore que me faz diminuir o passo só para verificar uma flor caida no chão e diz pra mim que por alguns segundos a primavera se fez presente.
Sempre andei de carro pela cidade até conhecer a Lu que não gosta de carro porque diz que tudo passa muito depressa e ela precisa apreciar os detalhes das coisas. Imagina que depois de sessenta e poucos anos eu iria diminuir o passo para pegar uma folha no chão porque isso lembra o outono aos olhos dela.

 
On 15 de abril de 2009 às 16:04 , Compondo o olhar ... disse...

belo texto!! profundo e delicado.... parabéns!!


bjocas

 
On 15 de abril de 2009 às 16:14 , Lengo D'Noronha disse...

Há uma tradução latina de um provérbio grego, segundo o qual eram tão caros os prazeres em Corinto que nem todos podiam ir lá residir:
'Non licet omnibus adire Corinthum'.

Pois em Amélie Poulain, os prazeres são gratuitos, estão à mão.

Não é preciso ir à Corinto...

Abraço.

 
On 15 de abril de 2009 às 16:23 , james emanuel de albuquerque disse...

Recordar esse filme precioso já provoca um grande prazer.

Bela postagem.


Um abraço.

 
On 15 de abril de 2009 às 16:34 , Christi... disse...

Que lindo o seu blogue, que layout digno de aplausos, como o post que fez para nos dar Prazer...

Fotografias e palavras que se encaixam, como quebra cabeças descobrindo as imagens descobertas, bela postagem nesse Tertúlia.

Bjs,
Chris

 
On 15 de abril de 2009 às 17:24 , Unknown disse...

Olá!
Cheguei até aqui por causa da Tertúlia Virtual.
Meu post tb foi inspirado por Amelie, apesar de eu nao a ter citado.
Bjos,
Paulinha
http://coloridascanetas.blogspot.com/

 
On 15 de abril de 2009 às 17:35 , marie disse...

Foi um prazer ler seu post, ver as imagens e a música!
Bjs
Marie

 
On 15 de abril de 2009 às 17:53 , roserouge disse...

Excelente postagem, Maria Augusta! E a Amelie Poulin, é sempre um prazer rever! Bj

 
On 15 de abril de 2009 às 18:38 , Selena Sartorelo disse...

Adorei, adorei..adorei, adorei ,adorei.

beijos,
Selena

 
On 15 de abril de 2009 às 19:47 , Adelino disse...

Como sempre um abelíssimo post, Maria Augusta.
Gostei de ver você falar de hedonismo. Em Economia aprendemos um termo que chamam de "Princípio Hedonístico", que no entender dos Economistas é um princípio que movimenta toda a Humanidade. Satisfação, prazer, mas não a qualquer preço.
Um grande abraço.

 
On 15 de abril de 2009 às 19:56 , Gaspar de Jesus disse...

Maria Augusta
Acredite que também eu senti um PARZER enorme ao ler este seu belissimo texto!
É tão bom constactar que o PRAZER pode estar nas coisas mais simples do nosso dia a dia...!
Beijinhos
G.J.

 
On 15 de abril de 2009 às 20:04 , Nanda Botelho disse...

Uma das coisas que mais gostei nesse filme foi a descrição de prazer que ele traz, como afundar a mão numa saca de grãos.

E a música que vc colocou também ficou legal! É a do filme?

Abraços, também estou participando.

 
On 15 de abril de 2009 às 21:09 , Anônimo disse...

Maria Augusta, preciso assistir "O Fabuloso Destino de Amélie Poulain". Será que sou hedonista, também? Sabe que dificilmente faço algo a contragosto? sinto prazer nas coisas que faço, até mesmo coisas pequeninas, como bebericar uma xícara de café. Beijus

 
On 15 de abril de 2009 às 21:54 , Mírian Mondon disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
 
On 15 de abril de 2009 às 22:04 , Fernanda disse...

Amelie...
Principeza dos detalhes...
Excelente lembrança...
adorei
Fernanda

 
On 15 de abril de 2009 às 22:08 , Mírian Mondon disse...

Delicioso texto, me fez lembrar de uma das melhores fases da minha vida.
Parabens Maria Augusta!

Abraços

 
On 15 de abril de 2009 às 23:49 , Elma Carneiro disse...

Obrigada pela recepção com essa linda música.
Como sempre, suas postagens com a qualidade de uma boa conhecedora do que fala.
Sinto-me muito bem e feliz vindo aqui! É uma délícia.
Obrigada pelas palavras e um beijo.

 
On 16 de abril de 2009 às 00:07 , Nana Odara disse...

Olá...
Estou aproveitando a tertulia pra divulgar meu manifesto...
Beijinhos de baunilha...

Manifesto Nana Odara

A Via do Prazer

Declaro
solenemente
à partir de agora
que todos os seres humanos
devem viver unicamente
pelo e para o prazer...
Esse é o meu manifesto
talvez a minha grande contribuição
para a humanidade...
a via do prazer...
Todas as mulheres
tem o direito e a obrigação
de viver em prazer...
até pq a repressão do prazer da mulher
é um dos pilares do patriarcado.
Somente através do seu prazer livre
e irrestrito a mulher pode
ajudar a construir um
novo modelo social
melhor
mais interessante...
Para isso é necessário
cessar já
todas as formas de violência
consentidas ou não
silenciosas ou não
punivéis por lei ou não
todas as formas de violência
contra a mulher
contra todas as mulheres...
O prazer
subjetivo por natureza,
o prazer de cada um,
o prazer de todos...
A um só tempo,
emitido e recebido
sorvido
degustado deliciosamente devorado
doravante
por nós, integrantes desse manifesto,
canibais do prazer,
ou seja la qual for a alcunha
que nos agraciará o futuro...
O Prazer como antídoto social à violência
Todo o prazer
pelo fim de
toda a violência...
Segundo a Dianética,
o Prazer é a força motriz que anula o medo.
Portanto somente através do prazer
podemos anular os efeitos todos
da maior arma patriarcal
fundamentado e sacramentado em medos,
a violência.
E nós, seres humanos,
estamos naturalmente vocacionados
destinados e aptos ao prazer,
o prazer nos guia para a vida,
enquanto todo medo é o medo da morte.
Neste 2009 , divisor de águas,
defina agora, de que lado vc está...
Ou vc alinha comigo
na Via do Prazer...
ou definhará eternamente
nos porões fétidos de um
moribundo patriarcado...
Eu, Nana Odara
instauro a Era do Prazer!
Sigam-me os bons
(de cama, inclusive...)

ps: adorei a música...e a Amelie tbm...

 
On 16 de abril de 2009 às 00:18 , Eduardo Santos disse...

Olá amiga. Que maravilhosa viagem através da sua evocação, foi de facto um prazer imenso tê-lo feito com uma cicerone que o faz por gosto. O efeito Montmartre, é idilico e maravilhoso. Tudo de bom para si e até breve.

 
On 16 de abril de 2009 às 03:49 , Jo. disse...

Que prazer eu tive em ler seu texto. Nota 10 pra tudo!!!!
Também estou na tertúlia deste mês. Me visita, tá?

 
On 16 de abril de 2009 às 04:56 , Anônimo disse...

maria,

vou aproveitar que estou por último (ah! este trabalho bandido que me afasta do hedonismo e do epicurismo!) e, provavelmente, ninguém nos verá, para uma correção: épicurien se traduz por "epicurista" e não por "epicuriano"... como todos os seus textos são sempre impecáveis, acredito que voce gostaria de saber disto e, talvez, corrigir este último para manter a tradição.

sobre os prazeres, ah!... creio que não preciso dizer, pois voce já os descreveu quase todos. só faltou um: ler os seus posts. e que aqui acrescento, se voce me permite.

 
On 16 de abril de 2009 às 06:28 , nilda disse...

Amo vir até aqui porque só me dá muito prazer.
Beijoca.
Nilda.
http://meucantin5.blogspot.com/

 
On 16 de abril de 2009 às 08:21 , Maria Augusta disse...

Amigos, muito obrigada pela visita e pelos preciosos comentários. Essa tertúlia como sempre foi um grande prazer, obrigada ao Eduardo e ao Jorge por tê-la organizado.
Errata : segundo nosso amigo Gilrang, a quem agradeço, a palavra épucurien se traduz em português por epucurista e não por epicuriano, como o fiz. Desculpe a nossa falha, quase 20 anos de França prejudicaram pas mal meu português. Abraços para todos.

 
On 16 de abril de 2009 às 08:39 , Meire disse...

Bom dia Maria Augusta!
Hoje trouxe um desafio para voce e nao aceito nao como resposta, rs
Sei o quanto voce é corajosa e vai nos provar isso...
Te espero no P&P.

Bjs

Meire

 
On 16 de abril de 2009 às 08:58 , http://saia-justa-georgia.blogspot.com/ disse...

Bom dia Mraia Augusta, tudo bem?

Estive com enxaqueca e nem apareci por aqui e hoje vou ficar sóóóóóóó, um pouquinho, rs.

Lindo o post. Eu tb gosto de sentir o cheiro do pao quentinho saindo da fornada, me dá realmente prazer essas pequenas coisas. Assim como me lembrei a alegria e prazer que eu tinha quando caminhava nas calcadas musicais em Vila Isabel, eu viajava nas cancoes.

Um lindo dia prá você.

Bjus

 
On 16 de abril de 2009 às 12:31 , Anônimo disse...

Você pegou bem o espírito da coisa! Os grandes prazeres estão nas pequenas coisas! Umas pedrinhas na água do rio podem dar prazeres enormes!
Obrigado, Maria Augusta por participar, sempre de forma brilhante!

Bjs

 
On 16 de abril de 2009 às 21:15 , Unknown disse...

Oi, querida,
O prazer foi meu em conhecer vc.
Uma boa sexta-feira pra vc!
Bjos,
Paulinha

 
On 17 de abril de 2009 às 00:14 , Laura_Diz disse...

Que post delicioso!
Descobri que sou epicurista entonces.
Bjs Laura

 
On 17 de abril de 2009 às 00:31 , Nade T. disse...

Olá!
Ontem foi muito corrido pra mim e, por isso, não tive como ler seu post ontem...
Que delícia de prazeres, heim!
Mas entender o Prazer a partir da Filosofia, da História... é demais!
Amei o post!
Bjs
Orgulho de Ser

 
On 17 de abril de 2009 às 00:49 , Anônimo disse...

maria,

não precisa passar 20 anos em frança para esquecer o português. tem gente que jamais lá foi e sequer sabe o que é "epicurista"!... neste caso, não é esquecer, mas não saber mesmo. assim, não se preocupe com esses deslizes. a intenção é manter seus posts impecáveis, como os de sempre...

ps: 20 anos? pas mal de tout, ma chère amie... ce n´est pas une faute, bien sûr...

 
On 17 de abril de 2009 às 21:41 , Anônimo disse...

Um post lindo Maria Augusta! E como sempre foi um prazer lê-lo! Existem tantas pequenas coisas que nos podem dar prazer, e se lhes dermos a atenção merecida, como a Amelie,viveremos muito mais felizes!
Um grande beijinho!