28.9.09 | Autor: Maria Augusta

Este post continua a repassada pela "Rota da Seda" para verificar como vivem os povos que descrevemos então nos dias atuais. Por exemplo quando escrevi Os Cavaleiros dos Montes Celestes, falei dos povos nômades que viviam do pastoreio na Ásia Central e os quais deram origem a Gengis Khan e outros exímios cavaleiros que fizeram tremer o mundo naquela época. Para descobrir como vivem hoje os descendentes de um destes povos seguimos os passos do fotógrafo francês Matthieu Paley que visitou a comunidade dos Kirguiz, um povo inicialmente nômade, que vive a 4100m de altitude nos montes Pamir, extremo oeste do Afganistão, esquecidos pelas autoridades do pais e completamente alheios à guerra que se trava entre a OTAN e os talibãs. No inverno, o único acesso possível para se chegar a eles é seguindo o leito do rio gelado Wakhan.

Antigamente eles viviam nestas montanhas somente no verão. No inverno, eles desciam até as pastagens do vizinho Tadkistão, até que com a instauração da república este pais fechou suas fronteiras...então eles passaram a se dirigir à China em suas andanças invernais...mas este pais também fechou sua fronteira em 1950 e eles ficaram então tendo como única opção o Paquistão, no qual resolveram se sedentarizar, temerosos diante da invasão soviética no Afganistão. Alguns anos depois, a Turquia lhes ofereceu asilo e uma parte da comunidade para ela se dirigiu. Mas alguns dissidentes resolveram voltar às altas montanhas de onde seu povo era originário...e lá estão até hoje. Encurralados pelas fronteiras naturais e políticas, eles ali foram obrigados a se sedentarizar com seus animais, vivendo do pastoreio e do comércio com os vizinhos, tendo como moeda de troca principal os yacks, animais resistentes e capazes de transportar mais de cem quilos...e foi este comércio que introduziu na comunidade o uso do ópio, inicialmente para aliviar as dores dos doentes, mas que se alastrou e acabou viciando muitos de seus habitantes. Assim caminha a humanidade...mesmo pela Rota da Seda...(clique na imagem abaixo e depois nas seguintes para ver o dia-a-dia deste povo...)

Update 30/09/2009

O Rolando do Entremares nos trouxe nos comentários lindas fotos de um viajante, num percurso pela mongólia e estepes da ásia central, aqui e aqui. Vale a pena visitar, é muito bonito! Obrigada, Rolando.


25.9.09 | Autor: Maria Augusta

Pode-se gostar ou não de seu estilo, mas Brigitte Bardot foi um mito na história do cinema. Este mês ela está completando 75 anos e fala-se muito dela por aqui. Muito bonita durante sua juventude, envelhecendo ela não lançou mão da cirurgia estética ou de outros artifícios para se manter dentro dos padrões de beleza e deixou o tempo fazer seu trabalho sobre seu físico, provocando um contraste violento entre o "antes" e "depois", que não escapa às línguas afiadas... Nos anos 50 e 60, ela balançou os costumes de sua época...provocadora e provocante, teve uma vida amorosa movimentada, abriu caminhos para as liberdades principalmente sexuais que vieram a seguir. Depois de 48 filmes e 70 canções gravadas, ela abandonou o cinema em 1973, mas seu nome não saiu das manchetes. Os fatos de que seu marido atual teria ligações com a extrema direita e de ter sido processada recentemente por declarações de cunho racista que teria feito, deram muito "pano para manga" nos jornais. Mas sua grande batalha é o interesse dos animais, não medindo esforços nem meios financeiros, e usando todo o peso de seu nome para defendê-los, por meio da fundação que criou. E este é o aspecto da vida dela que acho mais interessante!

Fonte : Le Figaro
22.9.09 | Autor: Maria Augusta

Não sei se já aconteceu com vocês, mas algumas vezes quando chego diante de uma tela de um grande mestre que já vi em fotografia não sinto o impacto que esperava, não digo que fico decepcionada, o trabalho e a técnica do mestre estão ali, mas não consigo "entrar em sintonia", acho que me falta alguma coisa, uma corda na minha sensibilidade. Por outro lado às vezes me acontece o contrário o impacto é muito maior que o esperado...isto me ocorreu com as telas de Monet e dos impressionistas em geral. E foi fortíssimo quando vi há alguns dias a exposição de van Gogh no Kurnsmuseum de Basiléia...elas me arrepiaram, achei tão lindo que poderia passar horas ali a apreciá-las. O título da exposição é "Entre terra e céu - As Paisagens" e nela foram trazidos de vários museus do mundo 70 quadros (alguns pouco conhecidos do público), traçando as etapas da produção artística de van Gogh e os ciclos da natureza que ele retratou em suas paisagens.

Campos de flores na Holanda -abril 1883, óleo sobre tela 48,9cm x 66 cm

Filho de um pastor protestante, van Gogh nasceu em 1853 na Holanda. Antes de se tornar pintor, ele tentou outras profissões como o comércio de quadros e mesmo como pregador religioso. Graças ao apoio de seu irmão Theo, ele abraçou a vida artística aos 27 anos e depois de passar por Bruxelles e Antuérpia na Bélgica, ele foi trabalhar em Paris, onde conviveu com Monet, Pissarro, Sisley, Degas, Signac, Seurat, que influenciaram fortemente seu estilo, principalmente em relação às paisagens (até o advento dos impressionistas, o que dava prestígio a um pintor eram os retratos, a pintura das paisagens era tida como uma atividade marginal) e à utilização de cores mais luminosas em relação às cores "terrosas" que empregava até então.

Cercado de jardim - julho 1888, óleo sobre tela 73cm x 92cm

Ele partiu em seguida para o sul da França, à cidade de Arles, na região do Midi, mais quente e ensolarada. Seu projeto era nela criar uma colônia de artistas, mas o único que aderiu ao projeto foi Gauguin...no entanto a convivência entre os dois foi tumultuada, culminando com o episódio no qual van Gogh se cortou um parte de sua orelha. Sua tendência depressiva se acentuou nesta época e, ele se internou em uma clínica em Saint-Rémy, onde prosseguiu sua atividade artística. Foi então que começou a aparecer em sua obra aquelas formas onduladas, retorcidas e fortemente carregadas de expressão.

Os Ciprestes - julho 1889, óleo sobre tela 93.3cm x 74cm

Com a piora de suas crises, a conselho de seu irmão Théo, van Gogh começa a ser tratado pelo dr. Gachet em Auvers (a 30 km de Paris), com o qual ele cria laços de amizade. Nesta época ele pintou uma série de telas retratando a paisagem das redondezas. Mas seu estado psicológico se deteriorou e ele acabou atirando contra si mesmo, e morrendo em consequência de seus ferimentos, aos 37 anos...justamente quando a grandiosidade sua obra começava a ser reconhecida...

Coloquei aqui no Picasa algumas fotos de suas telas na exposição, que estão em alta resolução, logo não hesite a usar o F11 para ver na tela inteira (para voltar ao tamanho normal use também o F11). Vale a pena! E o vídeo abaixo apresenta a música chamada "Vincent" de Don MacLean, que é um tributo à vida e à obra de van Gogh.




Site oficial da exposition (fonte das fotos)


Update 21/09/2009

A Laura, do
Caminhar está postando hoje (aqui) um vídeo que mostra as paisagens primaveris de van Gogh ao som da "Primavera" de Vivaldi. Muito lindo!

19.9.09 | Autor: Maria Augusta

Oba, enfim chegou o sábado! Mas, antes de aproveitar os embalos de sábado à noite temos que enfrentar a batalha do sábado de manhã : o supermercado!

Round 1 : Estacionamento

Entramos no estacionamento e rodamos, rodamos, na caça à preciosa vaga...um apressadinho buzina...ça promet! Enfim alguém vai sair ali...em posição de ataque, lanço a seta à esquerda tic, tic, tic, tic...mas... do outro lado chega um jipão e lança a seta à direita tac, tac, tac, tac... manobra de intimidação, ela acelera no vazio vrum vrum de modo ameaçador, mas eu mantenho estoicamente a posição. Ai, ai, ai, será ela ou sou eu? Então, o carro que sai passa do outro lado, eu embico e entro na vaga rapidinho, ha ha ha ha. O primeiro round está vencido, lá vou eu!

Round 2 : O Carrinho "Esquerdista"

Ulalá, que fila para pegar o carrinho para as compras, já tem tão poucos...e cadê a moeda de 1 euro para soltá-lo? Ufa, ainda bem que achei uma na bolsa, sempre esqueço o "jeton" no carro. Vou saindo com o carrinho, mas temos um pequeno desacordo de "intenções" : eu quero ir em frente, o carrinho quer ir para a esquerda...o que fazer, pegar a fila de novo para trocá-lo? Nada disto, encontrei a solução, vou enganá-lo : finjo que quero ir para a direita, então ele vai em frente. OK, agora estamos de acordo, mais um round vencido, podemos entrar no supermercado.

Round 3 : O Empurra-empurra

Mas que coisa, essas duas comadres tem que conversar bem no meio da passagem. E esta outra que deixou o carrinho atravessado enquanto conversa no celular...e estas crianças que não se decidem diante das geléias, será que não percebem que eu quero bem aquela ali que está na prateleira que elas estão tampando?...Com licença, com licença..impossível de ganhar este round, o supermercado está cheio demais, temos que seguir o fluxo.

Round 4 : As Filas

Fila dos frios para o Maridão, fila dos peixes para mim, pego a senha e espero...enfim a balconista grita meu número, eu chego toda contente, faço meu pedido...a mulher do lado resmunga : "Mas eu tenho o 58 Grgrgrgr". "E eu tenho o 57, Madame, Grgrgrgr", respondo. Depois deste passe de armas (ou de peixes-espada?) pego meu salmão e meus pangas e saio com um olhar vitorioso. Pronto, este round está ganho!

Round 5 : A Mancada

Pego meus peixes, coloco no carrinho e continuo na direção das frutas...acabou a estação das deliciosas mirabelles, mas já vejo de longe as uvas Muscat, miam, miam! Avanço na direção delas, quando alguém toca educadamente no meu ombro : "Madame, este carrinho é o meu!" E era mesmo...Sorrisinho amarelo, peço desculpas! Acho que este round eu perdi, pelo menos o carrinho...

Round 6 : A Saida

Achei meu carrinho "esquerdista", já tenho as frutas, tudo pronto para ir embora, mas..."Cadê o marido?" No inverno quando vamos ao supermercado ele coloca um chapéu para que eu possa localizá-lo no meio da multidão rs...mas ainda não está frio. Então é ele que me acha, apesar de que sou baixinha...como ele me achou? Acho que foi pela fumacinha que sai da minha cabeça, que está sempre a mil rs. Passamos pela caixa (que aqui ainda não é uma máquina, felizmente) e saimos vitoriosos da batalha, com nossas victuailles para a semana dizendo : Au revoir, Madame, até sábado que vem!

E vamos embora, pois é tempo de ir saborear um kyhr, que ninguém é de ferro!



Update 19/09/2009

A Paçoca do blog "Pampa Linda", que descobri graças ao Bloggincana, publicou um texto
delicioso sobre supermercados, leia-o e aprenda como saber mais sobre alguém graças a seu carrinho de compras (aqui).


Update 20/09/2009

Hoje a Georgia e a Flavia estão trazendo no excelente "O que elas estão lendo" uma entrevista com a minha irmã Aninha Gonçalves sobre o "Guia da Bahia" que ela escreveu. Não percam!

14.9.09 | Autor: Maria Augusta

Na semana passada estive sumida aqui da blogosfera, mas foi porque dei uma escapada até Basiléia para ver a exposição do van Gogh. Aproveitando que estávamos naquelas bandas e que o tempo estava bom, resolvemos curtir um pouco o fim do verão e visitar aquela região fronteiriça entre a França e a Suiça ao sul de Basiléia, entremeada de montanhas, florestas e lagos...e além disto tendo como atração do lado suiço as grandes fábricas de relógios de precisão e do lado francês, os queijos e frios. Bah oui, para os franceses o mais importante é a gastronomia. Seguimos o rio Doubs, passando pelos "Saltos do Doubs" onde fizemos um passeio de barco e também pelas "Gargantas do Doubs", alternando o lado francês e suiço, e pudemos perceber que, apesar de que a Suiça não é um pais da Comunidade Européia, os postos de fronteira nestas montanhas eram representados simplesmente por prédios desertos ou pequenas pontes, nem dava para saber em que pais estávamos. E como curiosidade visitamos a cidade de Montbenoit onde se encontra a "República do Saugeais", um conjunto de 11 vilarejos que tem sua própria bandeira e governante, e que "exige" um laisser-passer (passe de entrada) aos visitantes. Mas é melhor ver no diaporama abaixo a beleza dos lugares que percorremos neste passeio (clique na imagem para vê-lo)...


Os cisnes passeiam entre as duas fronteiras...
11.9.09 | Autor: Maria Augusta

Talvez por ter nascido e vivido a maior parte da minha vida em uma cidade grande, adoro paisagens urbanas. E quase por acaso descobri o trabalho desta fotógrafa, que consiste em paisagens noturnas de várias cidades do mundo. Simplesmente suntuoso! Sobre ela descobri muito pouco, ela se chama Floriane de Lassée, nasceu em 1977, vive e trabalha em Paris e apesar de jovem já apresentou exposições em vários paises. Mas as fotos dizem tudo, clique na foto abaixo e depois nas seguintes, garanto que vale a pena.

Tóquio- Floriane de Lassée


E bom fim de semana para todos!


8.9.09 | Autor: Maria Augusta

A Lorraine, aqui na França, é uma região do "interior", e Nancy, cidade onde moro fica a aproximadamente 300 Km de Paris...mas embora não seja tão badalada quanto a Capital, ou as regiões do sul como a Côte d'Azur aqui também acontecem coisas interessantes. E uma delas começou a acontecer há mais de 100 anos (na época a cidade recebeu um grande afluxo de capitais dos vizinhos alsacianos ricos que fugiram do dominio alemão, que por ter vencido a guerra de 1870 anexaram a Alsácia e boa parte da Lorraine) e foi a art nouveau, movimento do qual Nancy foi um berço aqui na França. Pessoalmente o que aprecio na art nouveau é que ela estendeu a palavra "arte", que antes era aplicada somente à pintura, escultura e arquitetura aos objetos do cotidiano, como os vasos, os vitrais, os móveis, as jóias, criando o que chamamos hoje de "artes decorativas"...sem falar nos temas trazidos da natureza, como os pássaros, as flores e plantas em geral, a mulher, o mar. E neste verão a região relembrou a "art nouveau" trazendo várias exposições, sendo que a mais interessante foi a de Emile Gallé, na cidade de Vic sur Seille.

Vaso de Emile Gallé tendo como tema a orquídea

Emile Gallé foi um dos maiores expoentes da art nouveau, com seus móveis de marqueteria, suas cerâmicas e principalmente seus vasos de vidro e cristal cheios de simbolismos. Sim, porque além da parte artística, muitos de seus vasos traziam mensagens políticas e patrióticas...por exemplo, a libélula que aparece em seus vasos significa o luto pelas províncias anexadas pelos alemães; a "cruz de Lorena" com a "flor de lys" símbolo da França evocando Joana d'Arc; o "Dragão contra Pelicano" que foi dedicado aos patriotas irlandeses em luta contra a Inglaterra; o vaso "Os Homens Negros", onde a cor faz referência à consciência dos acusadores no caso de anti-semitismo envolvendo Dreyfus.

Vaso "Dragão contra Pelicano" de Emile Gallé

Uma das influências mais importantes na sua obra foi a arte japonesa, da qual ele apreciava o modo como ela representava a natureza (ele também era botânico), e este foi o foco da exposição de Vic sur Seille, da qual trago algumas obras no diaporama abaixo, com seus vasos e cerâmicas mostrando orquídeas, crisântemos, magnólias, libélulas, mariposas, morcegos, peixes, enfim as faunas e as floras terrestre e marítimas...espero que gostem.










Veja também :

Vídeo da exposição


5.9.09 | Autor: Maria Augusta
No ano passado, passei o verão falando na "Rota da Seda", lembram? Aquela rota que antes da época das grandes navegações partia da China e ia até Veneza (na verdade existiam várias ramificações e destinações, e havia a terrestre e a marítima) levando a seda para o Ocidente e pedras e metais preciosos, lã, âmbar, marfim, especiarias em direção ao Oriente? E não somente, as religiões como o cristianismo nestoriano, o budismo, o islamismo também se expandiram por meia da Rota da Seda, que foi um enorme fator de integração entre o Oriente e o Ocidente. Pois o fotógrafo chinês Chen Jiagang, comparando esta interação entre a China e o Ocidente naquela época e atualmente, chegou à conclusão que o fluxo se inverteu : naquela época a China estava mais "adiantada" que os paises no outro extremo da "Rota da Seda", sendo que exportou até mesmo a técnica de impressão, que permitiu a Gutemberg de imprimir o primeiro livro. E atualmente, a China importa aviões, centrais nucleares e toda a tecnologia ocidental que está mais avançada que a sua. E refletindo sobre tudo isto, ele percorreu a antiga "Rota da Seda" e trouxe imagens atuais de suas paisagens, com um olhar muito poético...(clique na imagem abaixo para ver a série de fotos, depois nas setas que se encontram à direita das imagens).

Fonte das imagens : aqui

2.9.09 | Autor: Maria Augusta

Todas estas cores, indo do branco opalino ao mais profundo castanho...dá vontade de dizer do, ré, mi, fá, sol, lá, si...mas na verdade é faia, maple, pereira, cerejeira, tech, ipê, ébano ...essências da floresta que nos trazem uma sinfonia de cores. Mas elas nos trazem também outras sinfonias, pois entre as inúmeras utilizações da madeira das árvores, esta a fabricação de instrumentos musicais. Sempre me perguntei quais os tipos de árvores que serviam para nos trazer estes sons maravilhosos que saem de uma flauta, de um violino, de um órgão...e encontrei alguns elementos de resposta para este Ecological Day.

Se pensamos nos sons que nos vem das magníficas catedrais com seus imponentes órgãos por exemplo...os mais antigos foram feitos de carvalho, castanheiro, pinheiro ou outras madeiras "de proximidade". E é interessante que se observa que os mais antigos mantem a qualidade do som, enquanto os realizados no século XIX necessitam de restauração, pois as madeiras usadas então, como a nogueira e as coníferas, tiveram sua composição alterada com o tempo.No entanto, o tipo de material tem mais importância no caso dos instrumentos de corda que nos de sopro, nos quais o corpo sonoro é o próprio ar e a acústica depende da forma do tubo e/ou do bico...no entanto existe uma controvérsia a este respeito, e muitos fabricantes atribuem uma grande importância à escolha do material, sendo que se observa um retorno ao uso da madeira, que havia sido substituida pelo metal ou mesmo o plástico. Em relação a este, deve-se ressaltar uma experiência que está sendo realizada na Amazônia, na qual vários tipos de madeira alternativas (louro, amapá-doce, breu-sucuruba, copaíba, ipê, maçaranduba, mogno*, açoita-cavalo, tocacazeiro e tauari) estão sendo avaliadas com sucesso para substituir o plástico na manufatura de gaitas no Brasil.

Quanto aos instrumentos de corda, encontrei o seguintetexto em relação ao violão :

"Cada parte do violão cumpre uma função importante e específica na obtenção de um certo resultado. É preciso entender que a maneira como o violão é construído exige que cada parte tenha uma característica peculiar. Ao contrário do que muitos pensam, o que determina a qualidade da sonoridade do violão é o tampo. O fundo serve praticamente que só para refletir o som produzido pelo tampo. então temos as seguintes funções: o tampo tem de vibrar de forma flexível, para que o som se propague com facilidade, mas também organizada, para que haja equilíbrio em todas as regiões, grave, média e aguda. O fundo tem de ser uma madeira mais rígida, para refletir o som do tampo sem interferência. Essa estrutura tem de ser mantida de pé, então o "esqueleto" do instrumento tem de ser feito com uma madeira forte e durável, mas também flexível. A escala tem de ser feita com madeiras muito estáveis, pouco porosas, para manter a estabilidade e não se alterar com mudanças de temperatura e umidade.

No passado, inúmeras experiências foram feitas e chegou-se a um formato básico que inclui o abeto ou o cedro americano (ambas coníferas, aparentadas com o pinho) para o tampo, uma madeira da família do jacarandá ou do ácero para o fundo e laterais, o cedro para a parte posterior da escala e o ébano para a escala propriamente dita. é possível substituir todas essas madeiras por similares mais baratos, e, no caso da escala, até por material plástico, mas o resultado é geralmente inferior à combinação clássica..."(texto daqui)

E o rei dos instrumentos, o violino?

Stradivarius verificando um de seus instrumentos (Wikipédia)

Estudos científicos recentes (fonte aqui) mostraram que a magnífica sonoridade dos violinos Stradivarius está relacionada com a homogeneidade da densidade das madeiras usadas em sua fabricação. Segundo eles, por volta de 1700, época em que ele confeccionou seus melhores violinos, houve uma redução da atividade solar que provocou um frio intenso, que influenciou o crescimento
das árvores e a variação de sua densidade...e este seria o segredo da excelência destes instrumentos, que até hoje nenhum outro luthier conseguiu igualar...

E poderíamos falar ainda das madeiras utilizadas para os pianos, para as harpas, para os instrumentos de percussão...afinal, o que existe é mais belo que falar da floresta e da música, não é mesmo? Mas não podemos esquecer que para que elas existam sempre, as recomendações para o uso da madeira de modo a preservar as florestas devem ser respeitadas:

- utilizar de preferência madeiras das proximidades,

- utilizar sempre madeiras com certificados FSC

- escolher as madeiras certificando que as florestas das quais elas são originárias são exploradas de modo sustentável e respeitando os povos indígenas.


Árvores ameaçadas de extinção

Lista das características das madeiras usadas na confecção deinstrumentos musicais

Projeto para estudar madeiras alternativas da Amazônia para a fabricação de instrumentos musicais