28.4.09 | Autor: Maria Augusta

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Le Miracle Familier - Xavier Boussiron et A. Labelle-Rojoux

Na semana passada foi inaugurada em Paris a exposição trienal "La Force de l'Art 02", patrocinada pelo Ministério da Cultura e da Comunicação. Dela participam artistas franceses ou estrangeiros que vivem na França e se constitui num termômetro do que é feito em termos de arte contemporânea por aqui. Ela está acontecendo em vários pontos de Paris, como a Torre Eiffel, o Museu Grévin, a igreja Santo Eustáquio, o Palais de la Découverte e o Museu do Louvre, mas a mostra mais importante está no Grand Palais. Neste, numa arquitetura de Philippe Rahm mostrando uma "Geologia Branca" simulando placas tectônicas moduláveis segundo o tamanho de cada obra, jovens artistas (residentes) e artistas já confirmados (visitantes) expõem obras para todos os gostos.

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Por exemplo, como obra monumental tem-se o International Kebab de Wang Du (acima), que é uma gigantesca torre de papel com 9m de altura sob a forma de kebab, da qual os expectadores são convidados a cortar um pedaço com uma faca que é colocada à sua disposição. Nas folhas que são fixadas em torno de um eixo giratório estão impressas imagens da vida cotidiana dos chineses, cujo país segundo o artista se tornou um imenso fast food.

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Outras obras impressionantes são a de Anita Molinero, na qual enormes latas de lixo de PVC fundidas "caem" do teto, numa visão apocalíptica (foto acima), para, segundo ela, "queimar simbolicamente o objeto industrial e sua matéria artificial"...ou o POF Shop (POF= protótipo de objeto em funcionamento) de Fabrice Hyber no qual objetos familiares encontram uma utilização diferente da usual com a finalidade de criar novos comportamentos (foto abaixo), como o POF n° 65, que é uma bola cúbica. O público é convidado a experimentar estes objetos.

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Mas sabe que você pode entrar na exposição e interagir com ela sem sair da frente de teu computador? Isto é possível Photobucketporque a cada dia uma obra virtual é colocada em linha. Ontem brinquei um pouco com a obra Upstream de Isabelle Grosse. É como um vídeo game, retângulos vazios aparecem na tela e você deve clicar para fazê-los desaparecer até alcançar um certo score. No final o significado é mostrado: aqueles retângulos simulam os movimentos de uma multidão e as pessoas aparecem no lugar dos retângulos...e teus clics também...representados por grandes manchas vermelhas, parecem sangue...imaginem o choque, parece que você as matou! Acho que a moral da história é que não se deve clicar sem saber aonde... Se você quiser experimentar esta ou outras obras virtuais, a lista delas está aqui.

Vendo estas obras espetaculares, que parecem que possuem mais a intenção de chocar que de ser belas, fico pensando o que devemos julgar na arte contemporânea : a estética, a idéia, a mensagem, o impacto sobre o expectador? Em todo caso, acho que ainda preciso de algumas aulas para decifrá-la...

E então, vamos entrar na exposição e visitá-la?


Update 29/04/2009

Agradeço ao Eduardo por ter divulgado este post no seu maravilhoso "Varal de Idéias", fiquei muito honrada!

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17 comentários :

On 28 de abril de 2009 às 00:37 , Anônimo disse...

Maria Augusta,

FANTÁSTICA cobertura dessa importante mostra! Parabéns! Adorei visitar!

Bjs

 
On 28 de abril de 2009 às 10:49 , Meire disse...

Bom dia Maria Augusta.
Na realidade nao sei se gosto, achei chocante.
Mas valeu pelo recado.

Bjs

 
On 28 de abril de 2009 às 12:08 , http://saia-justa-georgia.blogspot.com/ disse...

Maria Augusta que visual!!!
Quantas informacoes. Mas nunca ouvi falar, rs.

Assistindo ao video, gostei muito de Le Gentil Garcon com os flocos de neve e como ele montou o boneco da neve com o contraste da cenoura.

Também gostei da mesa redonda de Julien Previeux e os livros por ali.

E gostei de Kader Attia com suas sacolas plásticas coloridas.

E o burro? Achei tao bem feito que ele parecia de verdade e que estava mesmo observando discretamente a modelo, rs.

Boa terca prá você.

Um grande beijo e te respondi lá na Saia.

 
On 28 de abril de 2009 às 16:04 , Mario disse...

Eu não entendo muito de artes plásticas, Maria Augusta. Vejo apenas que a contemporânea realmente nada tem a ver com aquela que me ensinaram na escola.

 
On 28 de abril de 2009 às 16:48 , sonia a. mascaro disse...

Maria Augusta,
Você nos presenteia sempre com imagens e conteúdos dos mais interessantes. Gostei de saber sobre essa exposição. Seu post é também instigante pois nos faz refletir sobre o que significa a arte hoje em dia...
Vou voltar para poder interagir com essas obras virtuais. Já comecei a assistir ao vídeo...
Obrigada pela atualização cultural.
Bjs.

 
On 28 de abril de 2009 às 19:29 , sonia a. mascaro disse...

Maria Augusta, não se preocupe caso não possa participar do Ecological Day. Esperamos por você em junho.
Beijos.

 
On 28 de abril de 2009 às 20:05 , Elma Carneiro disse...

Maria Augusta, entrei no salão.
As Instalações. É um novo movimento denominado de arte. Vejo mais como a um espetáculo de moda fashion.
Na verdade é uma manifestação artística que contém algum conteúdo com uma idéia conceitual.
Alguns contêm alguma beleza, outros demonstram criatividade, outras são fomentadoras de reflexões que levam o espectador a indagar seu sentido e outras nos convidam a interagir com elas, aguçando nossa consciência diante da vida, ora de uma grande beleza, ora extremamente ridículas.
Não sou muito capacitada para fazer uma crítica sobre essa nova modalidade de “arte”, mesmo porque ela ainda é motivo de muita polêmica em relação ao seu verdadeiro sentido.
Só sei que ela não é um objeto que podemos levar para nossas casas. Mas acho válido pela idéia que transmite.
O futuro dirá o seu rumo.
Piet Mondrian escreveu: “No futuro, a materialização concreta dos valores pictóricos suplantará a arte. Então, já não precisaremos de quadros, pois viveremos no meio da arte realizada”.
Veremos.
Obrigada pelas visitas, e comentários adoro sua presença. Desculpe a demora, mas às vezes alguma coisa não dá da forma como queremos. São as imprevisões, rsss
Beijos

 
On 29 de abril de 2009 às 00:11 , Ví Leardi disse...

Maria Augusta ..de novo sinto uma enorme pena d enão estar mais próxima ...cultura maravilhosa que poderíamos ver juntas..mas estarem aqui já é um consolo...sensacional vou ver com calma depois volto...!
beijos
P.S
quero a sua ilha para colocar lá em casa.Cadê? ;-)

 
On 29 de abril de 2009 às 00:52 , Dora disse...

Maria Augusta. Ainda não comecei a clicar por aí...Estou assustada! rs
Mas, essas experimentações, que chamam de Arte, eu acho válidas, enquanto elas chocam, desestabilizam, mostram que existem outras formas de se "ler" o mundo, reviram nossos padrões, enfim, realizam "um" dos objetivos da Arte..."épater les bourgeois"...rs
Mas, no quesito do prazer estético, propriamente dito, não vejo onde elas se encaixam.
Mas, é muito bom existirem pessoas que propõem novas e diferentes perspectivas, diante do "acomodamento" que acabamos fazendo com nossos hábitos mentais.Por esse aspecto,
gostei!!!
Beijão!
Dora

 
On 29 de abril de 2009 às 03:29 , Lunna Guedes disse...

Nossa, eu tive um pensamento feio - rs. Brincadeiras a parte, fiquei um bom tempo olhando para a imagem do burrinho admirando a tela. Me fez lembrar as visitas que fiz a algumas exposições em que parecia faltar vida na tela e então chegava o autor e literalmente "traduzia" sua arte. Dá pra imaginar minha cara? rs
Mas eu confesso que a arte contemporânea está me deixando indignada. E não só no campo das artes plásticas. Está tudo tão desgastado.
Isso é cansativo (ih, estou usando muitas essa palavra ultimamente - hahahaha, deve ser culpa do Álvaro de Campos)
Beijos caríssima

 
On 29 de abril de 2009 às 09:08 , Maria Augusta disse...

Eduardo, é uma mostra importante para a arte contemporânea aqui da França. Muito obrigada por indicar este post no Varal.
Abraços.

Meire, também muitas obras chocantes, acho que é esta a intenção do artista, "sacudir"...
Beijos.

Georgia, eu também não conheço estes artistas, embora pareça que alguns são famosos...que bom que você encontrou aspectos que te agradaram no que foi mostrado da exposição.
Beijos.

Mario, pois é, o momento atual é conturbado e a arte reflete isto...
Abraços e obrigada pela visita.

Sonia, é isso mesmo, uma exposição como esta é instigante, nos questiona sobre o significado das coisas em geral e da arte em particular. Sobre o Ecological Day, obrigada pela compreensão, se der tempo participarei.
Beijos.

 
On 29 de abril de 2009 às 09:39 , Maria Augusta disse...

Elma, obrigada pela análise. Estas obras são as que chamam mais a atenção, mas a arte contemporânea possui também coisas "que podemos trazer para casa". Mas certamente ainda não atingimos o que afirmou Piet Mondrian...
Um grande beijo.

Ví, é verdade, se você estivesse aqui poderíamos ter ido ver juntas.
Quanto ao selo para a Tertúlia, diante de tantos artistas que já propuseram os seus, eu não ousaria criar um rs...
Beijos.

Dora, é isso mesmo, para estas exposições as obras selecionadas são aquelas que chocam, que "sacodem" as pessoas, o aspecto estético nem sempre é considerado, apesar de que o que mostrei é apenas uma parte da exposição.
Beijos.

Lunna, te entendo perfeitamente, mas no caso também é preciso uma "tradução", nem todas são decifráveis. Obrigada pela sinceridade, fiquei contente com as reações a este post, que coincide com as dos que vêem a exposição de perto, elas não ficam indiferentes, saem amando ou detestando.
Beijos.

 
On 29 de abril de 2009 às 12:07 , Aninha Pontes disse...

Maria Augusta, temos mesmo que agradecer ao computador, porque além de obras lindíssimas que podemos ver, tem o seu blog, que através dele, viajamos o mundo e conhecemos boa parte da França e sua arte maravilhosa.
Um beijo

 
On 29 de abril de 2009 às 13:17 , Ví Leardi disse...

...também preciso de aulas para entender melhor...mas acho que o intuito dos artistas é este mesmo confundir por vezes chocando para polemizar..."quanto mais falam de mim..." Fabien Verschaeri com seu container "psicodélico" anos 70 se insere nos dias de hoje com arte e criatividade....já Bruno Peinado faz uma cópia de Kapoor...Le Miracle Familier e seu burrico me são uma incognita e Veronique Aubury com sua Recherche du Temps Perdu..angustiante.A maravilha de exposições como estas é que nos sentimos em tantos lugares ao mesmo tempo ...um teatro de mentes e almas tão diversas.Brava Maria Augusta mais uma vez uma lição de cultura estar aqui Obrigada!...beijos.

 
On 30 de abril de 2009 às 00:44 , jugioli disse...

Maria Augusta, obrigado por compartilhar tão importante evento.
adorei ver

bjs.

 
On 30 de abril de 2009 às 08:37 , Maria Augusta disse...

Aninha, pela Internet podemos viajar mesmo, para mim ele permite que eu esteja sempre em contato com o Brasil.
Um grande beijo.

Vi, bela análise (não conheço Kapoor, vou pesquisar pois gostei da esfera de Peinado...), você tem razão absolutamente, a arte nos permite de penetrar na mente e na alma de pessoas tão diferentes e diversas no modo de ver o mundo...
Um beijão.

Ju, realmente é um evento importante para a arte contemporânea francesa.
Beijos.

 
On 30 de abril de 2009 às 09:03 , http://saia-justa-georgia.blogspot.com/ disse...

Bom dia!!!

Um bom feriado prá vocês!!!

Um beijo grande