29.6.09 | Autor: Maria Augusta

Tim Burton, o "mestre do fantástico", acabou de publicar as primeiras fotos de seu filme que deverá sair no próximo ano, Alice no Pais das Maravilhas em 3D. Desta vez, com as 3 dimensões vamos poder "entrar" neste mundo mágico e surrealista de Alice.Trata-se de uma superprodução na qual ele mistura várias técnicas de filmagem, as animações digitais,com bonecos e stop-motion e também aquelas obtidas como em um filme tradicional, com um elenco de atores. E que elenco!

Para começar ele traz Johnny Deep (que é um dos atores-fetiche de Tim Burton, tendo interpretado sob sua direção "Eduardo das Mãos de Tesoura") no papel do Chapeleiro Louco. Alice é interpretada por Mia Wasikowska, a Rainha Branca por Anne Hathaway, a Rainha de Copas por Helena Bonham Carter, Cristopher Lee representando uma espécie de dragão que persegue Alice, Crispin Glover como o Valete de Copas, entre outros.

As primeiras imagens mostram o mundo fantástico no qualAlice vai penetrar. Nesta versão ela tem 17 anos (10 a mais que no livro de Lewis Carrol) e descobre que vai ser pedida em casamento. Ela foge então o País das Maravilhas, do qual não tem nenhuma lembrança e reencontra os personagens como a Rainha de Copas, a Rainha Branca, os gêmeos Tweedeldee et Tweedeldum...

As filmagens estão concluidas, e a equipe do filme trabalha no momento sobre os efeitos especiais, sendo que a saida nos cinemas esta prevista para março de 2010.


E por falar em mundos oníricos, mágicos e surrealistas, nossa querida Ví do No ví Tá está aniversariando hoje. Nossos parabéns para ela!



28.6.09 | Autor: Maria Augusta

Hoje é domingo, dia de sombra e água fresca...pelo menos aqui no hemisfério norte que é verão, aí deve estar mais para sol e quentão, né? Então algumas tirinhas para descontrair sempre vão bem, né?

Cada profissão tem seus pecados, olhe aí como se manifestam os pecados dos desenhistas...

Crédito: Laerte, nas edições de3/6/09 e 4/6/09 do jornal "Folha de S.Paulo". Fonte aqui

E uma com a Mônica, todas as tirinhas daqui são ótimas, não sei onde Mauricio de Sousa acha tanta inspiração...

Fonte : aqui

E esta vem do site "geek"abaixo. Ele é muito jovem para se acomodar, não?

Photobucket

Fonte : aqui


E um ótimo domingo para todos!



25.6.09 | Autor: Maria Augusta
Quando escrevi sobre as feiras livres, disse que achava estranho que nas feiras daqui da França não havia os gritos dos comerciantes para chamar os fregueses e para mexer com as moças bonitas...mas descobri que já houve e eles inspiraram muitos artistas, como o desta música* que data do século XV. Pois os gritos dos comerciantes ambulantes nas ruas de Paris e das grandes cidades remontam à época medieval. Primeira forma de publicidade oral, eles faziam parte integrante dos ruidos da cidade...Segundo o autor Etienne Boileau, em seu "Livro das Profissões" (século XIII), a gritaria era um serviço público que dependia da autoridade do rei. Homens, mulheres ou crianças perambulavam pelas ruas gritando para anunciar suas mercadorias ou seus serviços e atrair a atenção dos passantes. Este tipo de venda nômade se perpetuou até o século XIX, quando começou a declinar e desapareceu completamente às vésperas da I Guerra Mundial, pois começaram a aparecer leis mais rigorosas para o uso das vias públicas na época de Haussman e a revolução industrial atraiu os ambulantes que passaram a trabalhar como operários.

Clique sobre cada miniatura para ampliá-la (embaixo) e ler sua descrição

Cada tipo de comércio tinha seu grito característico, por exemplo :

Vendedores de madeira e carvoeiros : "Madeira-carvão!Madeira-carvão!"

E as mulheres dos carvoeiros vendiam os gravetos : "Belos gravetos!" "Belos Gravetos" "Ao fogo os gravetos!"
"Ao fogo!"

O vendedor de estanhos : "Estanhos, estanhos, meus belos estanhos!" "Para beber, para ver, os belos estanhos!" (os copos eram de estanho, só a nobreza tinha copos de vidro)

Vendedora de roupas usadas em sua charrete : "Sim, senhoras, sim! Roupas, roupas, bem baratinho"

Vigilantes noturnos : "O guarda vigia ! São onze horas, gente boa!" "Durmam tranquilos,o guarda vigia!" ...e repetia isto todas as horas.

Quem diria, que um dia os gritos dos ambulantes se transformaria em obras de arte?




* Música : Les Cris de Paris (Clément Janequin) interpretada pelo Ensemble Clément Janequin Dominique Visse. Nela, que foi escrito em francês do século XV, vários trechos repetem os gritos dos comerciantes ambulantes.


Update (25/06/2009) :

O Entremares deixou nos comentários sua colaboração para a galeria de gritos :

"Oh, freguesa, os meus agriões... veja aqui os meus agriões..." ( a cigana )

"São da horta, as minhas batatas. Aproveitem agora, antes que chegue aí a ASAE e confisque tudo... é de aproveitar" ( o ex-merceeiro )

"T-Shirt's da moda... é 5€ cada, é pra' aproveitar... olhas últimas T-Shirts do Dança Comigo... olha... "( a D. Ermelinda )

E pronto... assim é o nosso mercado aqui em Elvas, todos os sábados pela manhã...


E eu me lembrei de alguns, que ficaram gravados na minha mente vindo da minha infância em São Paulo :

"Guarda-chuveiro, vaaaaai chover!!!!!!" (às vezes em um dia de sol a pique...)

"Embaré, só paga 10!" (dos vendedores de balas nos trens)

"Moça bonita não paga...mas também não leva!" (nas feiras livres)


E estas quem nos trouxe foi o Jorge, do Expresso da Linha :

Então aqui vão dois típicos que ainda são do meu tempo em Lisboa:


- "Quem quer figos quem quer almoçar"


- "Olha a vivinha da costa" (sardinhas)


Update (26/06/09)

A Selena transformou a cantoria das ruas em poesia :

"O grito da mãe que chama o moleque prá da rua sair, sempre na mesma hora do dia.
O charreteiro que trazia o leite tirado na hora.
A pamonha,o verdureiro, o amolador e o homem que trocava garrafa por pintinhos, aluminio velho por moeda de pouco valor, mas que fazia alegria da criançada da rua que esgotavam o estoque de doce do armazém local.
O som do realejo, o sorveteiro, o vendedor de algodão doce.
AH! O grito do carteiro..esse sempre muito esperado pois novidade ele trazia.
Tinha também o jegue pintando de zebra ou a lhama que puxava a charrete prá alegrar a criança e tirar fotografia.
Músicas de todos os dias.
Vendedor de melancia que virou jazz, baião. Musica e melodia.
A notícia que na Roma antiga era gritada em praça pública, era aquela a ordem do dia.
Os venderos ambulantes que encantavam e cansavam suas cordas a troco de publicidade...então nasceu a coragem e a vontade que outros te conhecessem. A música de cada dia.
O barulho do galo que está a se recolher.
O auto falante que anuncia de nascimento a falecimento...o barulho todo dia.
Mas quanta melodia tinha todos esses ouvires.
São gritos de guerra feitos com poesia para cada hora do dia.Acho que ficaria dias aqui lembrando os sons que ouvia e hoje são tão raros de ouvir. Foram substituidos, dezimados ou esquecidos, passaram a integrar a lista de ruídos que causam estresse e prejudica a audição...
Muitas considerações...
Encantadora postagem que fez.
Me faz perceber que apenas o silêncio é capaz de nos fazer ouvir. Acho que "chovi no molhado" mas entre ouvir uma teoria e um pensamento existente uma distância enorme quando temos o sentimento como aliado.
O circo que chegava e consigo trazia os ciganos e quanto medo eu sentia. Suas musícas.
Ah Folia de reis, novena e som de procissão...Vixi.....a cantorias... fui rsrs"


E a Georgia tembém tem lembranças ligadas aos brados das ruas :

"Eu peguei essa fase quando crianca; na nossa rua bem cedinho passava o peixeiro: Ele gritava: - "Ooooolha o peeeeeeeeexe! Quem vai quereeeeeeeeer? Táaaaaaaaaa fresquiiiiiiiinho!"

Ele nao dizia "peixe" ele dizia "pexe"., rs

O livro de Rute na Biblia retrata bem a mulher que vai catando os graveto atrás, ela catava trigo, milho, cereais, tudo que ia caindo dos cestos dos trabalhadores...é uma linda história, nao sei se você conhece."


A Aninha lembrou dos vendedores de churros :

"Aqui ainda hoje, temos na época da temporada, o vendedor de churros, que passa com seu carro utilitário, vendendo, gritando e agradando crianças e marmanjos também."


A Meire também se lembrou de gritos de vendedores :

"Me recordei do grito do vendedor de pamonhas...Aqui tem um que grita, ele presta serviços de consertador de guarda chuvas, afiador de facas e conserta fogao a gas...rs"

E vejam que singela esta imagem da infância da Sonia :

"Me reportou à minha infância, à casa dos meus avós maternos, que ficava em Pinheiros, bem defronte à Igreja do Calvário e o Cemitério SP. Você que é de lá deve lembrar da região. Eu ficava debruçada no muro, e me recordo dos sons que os ambulantes faziam em suas carrocinhas... O que vendia leite de cabra, batendo sinos, com uma porção de cabras andando pela rua, o que vendia raspadinha... bijou...batendo em duas madeiras..."


Update (27/06/09)

A Luma lembrou que os ambulantes atuais usam buzinas :

"Na minha rua ainda passam também pequenos ambulantes, amoladores de faca, padeiros, vendedores de peixe e eles carregam os produtos em uma cesta de bambu (tipo piquenique) em suas bicicletas e apertam sem parar a buzina fon-fon ou trin-trim! Acho lindinho e nostalgico.

Já na praia vemos toda a sorte de ambulantes andarilhos, vendem óculos de sol, protetor solar, cangas, biquinis, enfim, todos os apetrechos para um bom banho de sol, além da famosíssima "Empada praiana". Essa eu me animo logo quando escuto: "Olha a empada praiana"




22.6.09 | Autor: Maria Augusta
Entrar em uma biblioteca e imaginar todo o saber que está encerrado naqueles volumes, é quase um ato religioso, não é mesmo? Apesar de que atualmente todo o conteudo dos livros está migrando para suportes eletrônicos (o que é bom pois terão uma acessibilidade mais ampla), ainda acho que um belo compêndio com uma capa bem trabalhada tem um charme enorme...Principalmente aqueles bem antigos, que atravessaram séculos para nos trazer sua mensagem (será que os suportes eletrônicos também vão durar tanto tempo?) Um dia ainda vou pesquisar sobre a Biblioteca de Alexandria, que foi queimada por Julio César e sobre o que ela continha...Mas o assunto de hoje não é o conteudo, mas a embalagem, pois em muitos casos estes templos do saber se encontram instalados em prédios magníficos, com uma decoração suntuosa. Alguns deles foram fotografados por Ahmet Ertug, e o resultado se encontra em exposição na Biblioteca Nacional da França, em Paris. Então, psssiu, silêncio, vamos entrar nas bibliotecas...



Update (23/06/2009)

A querida Sonia, a quem agradeço, nos trouxe uma informação preciosa em seu comentário :

"Voltei Maria Augusta, para passar um link para você - já que o tema hoje é livros - da entrevista com José Mindlin, e seu conjunto primoroso de 30.000 livros raros. As fotos foram tiradas pelo meu cunhado, Cristiano Mascaro. Link AQUI"

O artigo é muito interessante, recomendo sua leitura e dele trouxe estes fotos da biblioteca de José Mindlin :

Photobucket
Fotos de Cristiano Mascaro


Ela também nos dá uma dica de leitura, a respeito de um dos assuntos abordados neste post :

"Li um livro bem interessante, chamado A Biblioteca Desaparecida, Histórias da Biblioteca de Alexandria, de autoria do italiano Luciano Canfora."


Update 2 (24/06/2009)


Também sobre o acervo de José Mindlin veja o excelente post do Kovacs "No Mundo dos Livros - José Mindlin."

Update 3 (24/06/2009)

O Entremares deixou nos comentários este magnífico conto sobre o sentimento que as bibliotecas despertam :

"Existe algum local mais tranquilo que uma biblioteca ?
Bem… se excluirmos as igrejas vazias ou os mosteiros abandonados, é claro.
Pois… não, claro que não existe.
Apesar de que, naquele belo sábado de manhã, a excepção iria confirmar a regra de que as bibliotecas são locais silenciosos, de estudo e – porque não? – até inspiração. E isto tudo porque um filho da terra, o conhecidíssimo autor de romances históricos Luís Vilas Novas iria ali lançar a sua última obra, com direito a sessão de autógrafos, palestra e cocktail promovido pela sociedade portuguesa de autores. Enfim, uma cerimónia a que a pequena vila do Alandroal, escondida no Alentejo seco e quente de Agosto, não estava propriamente habituada.
Agosto, no Alentejo sempre foi sinónimo de três coisas; Calor – sempre muito… e muito seco, céu azul vivo - daquele tom que fere a vista de luz, reflectido na cal das paredes - e finalmente… as ruas desertas, na sagrada interrupção da sesta.
O Alandroal podia passar despercebido no anonimato das urbes turísticas, sem monumentos de primeira grandeza ou eventos de abrangência nacional. Mas, naquele sábado de Maio de 2009, um ilustre filho da terra decidira regressar a casa e honrar as suas origens, através daquele pequeno gesto simbólico – lançar um livro.
Luís Vilas Novas, o autor, era uma daqueles característicos contadores de histórias, como tantos outros alentejanos, que havia trocado as tertúlias de café e os jogos de dominó pelas artes da escrita, enveredando por uma carreira de sucesso que já contava com mais de doze títulos, versando os romances históricos – a sua área predilecta.
“ A cruzada secreta “ era precisamente o seu último romance; uma história de aventura e mistério, retratando a odisseia de três cavaleiros cruzados, numa missão secreta a pedido de Roma, para tentar sequestrar Saladino, o todo-poderoso sultão do Egipto, nas vésperas da queda de Jerusalém.
A biblioteca da vila, apesar de pequena, continuava acolhedora, como ele ainda recordava. Ainda pouco passava das dez da manhã quando o escritor voltou a percorrer o corredor branco, o pórtico de pedra que separava a recepção dos arquivos, rumo ao salão de leitura. A cerimónia só teria inicio ao meio-dia e isso dava-lhe tempo suficiente para poder, tranquilamente… matar saudades.
O salão de leitura não mudara nada, ao longo de todos aqueles anos – as mesmas estantes de madeira, com portas de vidro, a escada ao fundo para aceder ao arquivo antigo, propositadamente dissimulado nas estantes mais altas, as mesmas mesas de carvalho escuro, já com evidentes sinais da passagem dos anos… mas mesmo assim, ainda sedutoras.
Os olhos fixaram-se numa mesa em especial, junto de uma das janelas. Aquele era o “seu” lugar, o seu recanto de estimação – ali vivera as primeiras aventuras, saboreando as páginas com sabor a piratas, a contrabandistas, a heróis da revolução, a romances de cavalaria, a aventuras no espaço…

- O senhor doutor está matando saudades?

Voltou-se, sobressaltado. Aquela voz…

- Dona Palmira ? … É mesmo a senhora ?

Abraçaram-se efusivamente.

A biblioteca não seria a mesma … sem a dona Palmira, a eterna funcionária que ainda agora, já com a velhice bem estampada no rosto, resistia ao avançar dos anos e aparentemente, ainda tomava conta dos destinos de todos aqueles livros.

- O senhor doutor veio confirmar se já está tudo pronto ? – quis saber, o mesmo sorriso meigo que ele ainda recordava.


- Oh, dona Palmira, por favor… não me chame isso, que até me sinto mal… para si, eu serei sempre o Luís… só Luís. Deixe lá o doutor dentro da gaveta, por favor…


Ela aquiesceu, agradecida.


- Saudades ? – e ao mesmo tempo, ia apontando para a mesa onde o escritor estivera sentado e de onde se levantara em sobressalto.

Ele acenou em silêncio, numa concordância que dispensava palavras.

Por momentos, assim permaneceram, os olhares perdidos em tempos passados, recordando as colecções de instantes que, sem o percebermos, vão moldando a maneira como vemos as coisas…

- Tenho uma surpresa para si… - lá avançou a dona Palmira, após um longo silêncio – e queria dar-lha antes… de começar toda a confusão da cerimónia…

- Uma surpresa ? Ora essa…

Ela afastou-se, dirigindo-se até à mesa cinzenta metálica, onde ainda guardava as fichas de cartão com a identificação dos livros, dos armários, das prateleiras. É claro que também ali existia o computador e que – um pouco a custo, é certo – lá aprendera a trabalhar com o programa que geria a biblioteca. Mas não havia computador que substituísse o prazer de manusear com as mãos as pequenas cartolinas, com a sua letrinha cuidada e miudinha, a fazer lembrar a escola primária.

Abriu uma das gavetas e de lá retirou um pequeno embrulho, com um laço dourado.

- Oh, dona Palmira… então para que se deu a este trabalho ? Então…

Ela franziu os olhos, num olhar cúmplice.

- Vá… eu sei que gosta de presentes… e desta vez, não são chocolates…

Foi a vez dele recordar, com um sorriso nos lábios, os chocolates.

A dona Palmira sempre guardara, naqueles tempos longínquos, uma caixa de chocolates dentro da gaveta. Certo dia, ele vira-a a desembrulhar o doce e atrevera-se:

- Não me dá um chocolate desses ?

Mas ela não dera. Ao invés disso, lançara-lhe aquele olhar que ele tão bem conhecia e resmungara:

- Dou… mas só se souberes o nome do autor deste livro que estou aqui a ler…

Ele bem que tentou, espreitou, pôs-se a adivinhar… mas nada.

Baixou a cabeça, derrotado – Não sei…

Ela sorriu, matreira.

- Então é bom que tentes descobrir, meu malandro… ou então, nem te atrevas a voltar a pedir-me os meus maravilhosos chocolates…

Quanto tempo se passara? Trinta e muitos anos…
Emocionado, abriu o laço dourado e retirou o papel de embrulho. No seu interior, dois objectos.

Não conseguiu evitar o aperto da garganta, enquanto voltava a contemplar aquela letra torta – a sua – da requisição nº 3256, de 14 de Agosto de 1971, que segurava nas mãos. Por baixo, uma cópia do exemplar que ele requisitara nesse dia, quando finalmente descobrira o autor do livro que a dona Palmira devorava, todas as tardes daquele mês de Agosto.

“A ilha misteriosa” , de Júlio Verne.

Um sabor estranho invadiu-lhe o paladar. Quase quarenta anos depois, voltou a saborear a memória daquele chocolate, perante o olhar ternurento da bibliotecária.

Ainda lhe quis agradecer, mas o nó da garganta não consentiu.

Ela compreendeu… e abraçou-o de novo."


Muito obrigada, Entremares!
20.6.09 | Autor: Maria Augusta
Um pequeno quizz para o fim de semana...e uma oportunidade para rever as obras destes mestres. Os acertos e erros não são contabilizados, é só para brincar mesmo...

Bom fim de semana para todos!


17.6.09 | Autor: Maria Augusta

Você conhece a Bahia? Eu a conheci há pouco tempo atrás e fiquei encantada! Também pudera, fomos até lá acompanhados pela minha irmã Aninha, que é uma apaixonada e grande conhecedora de todo o Nordeste brasileiro. Pois é, ela recentemente lançou um livro "BAHIA", na série "GTB Guia do Turista Brasileiro" da Editora Conteúdo, no qual ela transmite seu conhecimento e sua paixão por este estado brasileiro.

O resultado é que seu livro tem tudo que deve constar em um guia como pontos turísticos, endereços de hotéis, e meios de transporte voltados para todo tipo de público, seja para o gastador ou o econômico, seja para o aventureiro ou para o romântico, seja para o que procura conhecer a cultura ou para os que buscam o esoterismo na região.Tem também termos de baianês, como por exemplo "mangar" (caçoar), "arerê" (festa), "dar um cheiro" (beijar)... Até a média de temperaturas e de precipitações anuais no estado ela colocou, para que o leitorminimize a possibilidade de pegar chuvas lá...

Mas não é só isso, para cada atração, ela traz o contexto geográfico e histórico e também o folclore e as lendas que a cercam. Durante a leitura, além dos encantos de Salvador e suas festas tradicionais, vamos percorrendo as trilhas da Chapada Diamantina descobrindo a história do primeiro diamante que foi descoberto em Mucugê...mergulhando à procura das cavernas subterrâneas e dos navios naufragados e ouvindo o canto das baleias em pleno namoro no arquipélago dos Abrolhos...visitando o Rio das Contas em Itacaré (onde a lenda diz que os piratas se escondiam)...conhecendo as pinturas rupestres no Morro do Chapéu...percorrendo o Rio São Francisco com suas carrancas...comendo uma moqueca de urutu em Mangue Seco...passeando de barco no "Pantanal da Chapada" (Marimbus), apreciando em Carauva o espetáculo da lua cheia em uma cidade sem iluminação noturna, ou visitando a Machu Pichu brasileira (Igatu) com suas ruas e casas de pedra e sua "cidade fantasma"...

Durante a leitura, fiquei sabendo que personagens como Maria Quitéria (que se vestia de homem para lutar) e Ana Néri (a primeira mulher que recebeu um diploma de enfermeira no Brasil) são baianas da cidade de Cachoeira...que entre esta cidade e Salvador passamos por Santo Amaro da Purificação onde mora a mãe de Caetano Veloso e Gal...a história da ascensão e queda do cacau, o ouro negro...a luta pela independência do Brasil que se concentrou na Bahia... a existência até hoje em Ilhéus do Bar Vesúvio e do Bataclan, que foram imortalizados por Jorge Amado...e tanto este escritor quanto cada um dos outros ilustres personagens baianos (e olhe que não são poucos), como Caymmi, Castro Alves, Mãe Menininha do Gantois, tem suas vidas assim como suas obras explicadas de forma clara e concisa, desenhando assim um panorama completo da Bahia, sua história, suas paisagens, sua cultura e sua gente.

E então, como diz a canção de Caymmi "Você já foi à Bahia? Não? Então, vá, viu?" E leve no bolso o livro da minha irmãzinha Aninha Gonçalves!



Saiba mais sobre o livro aqui :

Bahia (1a. edição, 2009)
Aninha Gonçalves
Preço de capa: R$ 43,00
280 páginas
ISBN 978-85-99081-13-6


15.6.09 | Autor: Maria Augusta

Toque a campainha e veja onde me sinto em casa

Este post faz parte da Tertúlia Virtual organizada pelo Varal de Idéias e pelo Expresso da Linha.

13.6.09 | Autor: Maria Augusta
Juliette Binoche é a grande atriz francesa que todos conhecem, já ganhou um Oscar pelo melhor segundo papel em "O Paciente Inglês" e foi indicada para um outro pelo seu desempenho no filme "Chocolate", ao lado de Johnny Depp. Mas seu talento não se limita às suas atividades cinematográficas. Ela também é pintora e no ano passado adicionou uma outra "corda a seu arco" : ao lado do bailarino e coreógrafo Akram Khan, realizou uma tournée internacional como protagonista de um espetáculo de dança contemporânea In-i (vídeo abaixo). Ele conta o encontro e a vida em comum de um casal, mostrando o confronto do amor com os problemas do dia-a-dia, num cenário minimalista.

Segundo suas palavras, ela se lançou nesta nova experiência porque "é preciso deixar uma pele para se criar uma outra. É isto que me faz avançar como ser humano". E nesta busca de crescimento ela se tornou também pintora, tendo apresentado recentemente em Paris uma exposição (vídeo abaixo) de mais de cem de suas obras, principalmente retratos relacionados aos personagens que interpreta no cinema, organizados na forma de trípticos : um auto-retrato, um retrato do realizador do filme e um poema que ela dedica a este. Desta forma, ela registra a sua emoção diante dos encontros que o mundo do cinema lhe proporciona. Estas pinturas se encontram compiladas em um livro intitulado "In-Eyes".

Cinema, pintura, dança...qual será o próximo domínio no qual vai se lançar o talento de Juliette Binoche?

12.6.09 | Autor: Maria Augusta

Enfim, chegou o Dia dos Namorados (no Brasil, o daqui foi em fevereiro)! Agora, certamente você já evitou aqueles presentes "de grego" dos quais falei no post anterior e já preparou tudo para passar um dia lindo e romântico. Muitas vezes, não são somente os presentes que contam, pequenos gestos mesmo que nos custem um pequeno esforço ajudam e muito para alimentar o amor e evitar discórdias. Mas será que tem limites, até onde você iria para agradar à pessoa amada e viver com ela no sétimo céu? (use as setas para virar as páginas)


E um "Feliz Dia dos Namorados" para todos, com muito amor e carinho!



10.6.09 | Autor: Maria Augusta

O Dia dos Namorados está chegando (no Brasil, o daqui foi em fevereiro). Certamente vocês já escolheram o presente que vão oferecer a seus amores, com muito carinho e já pensaram nas palavras doces que vão murmurar nos seus ouvidos. Mas tomem cuidado : um presente mal escolhido ou uma palavra desajeitada podem estragar a festa e transformar um momento de romance em uma verdadeira batalha. Aí vão alguns conselhos sobre o que não fazer, a menos que você esteja querendo marcar a data por um belo "fora"...afinal, quem avisa amigo é! (use as setas para virar as páginas)



Depois destas brincadeiras, "Feliz Dia dos Namorados" para todos!



8.6.09 | Autor: Maria Augusta

Hoje, dia 8 de junho, se comemora o Dia Mundial dos Oceanos e o "Faça a Sua Parte" está convidando para uma blogagem especial : "cada um conta em seu blog uma história/caso/causo/momento/evento/reflexão que teve em sua vida em que o mar esteve como cenário ou personagem, de uma forma positiva/bem-humorada/animadora. Uma história pessoal; o oceano "incorporado" ao indivíduo". Éuma excelente idéia pois sempre defendemos melhor aquilo que conhecemos e que nos traz boas lembranças.

Torre de Belém às margens do Tejo : as naus que partiam em direção ao Oceano Atlântico ali passavam

Pessoalmente, nunca tive uma interação muito grande com o mar, sempre morei em cidades no interior do continente...mas quando vou ao litoral, adoro contemplar o mar, ouvir o som de suas ondas batendo na praia admirando o desenho que elas formam na areia, respirar a brisa marítima...e ficar imaginando tudo o que ele significa, principalmente o papel que ele desempenhou como elo de ligação entre os continentes. Uma lembrança especial que tenho em relação a isto, foi quando avistei o Oceano Atlântico nas costas de Portugal...fazia um ano que estava longe do Brasil e pensei que "bastava" atravessá-lo para chegar em casa. E aí pensei em todos os navegantes que dali partiram para fazer a nossa história. Foi um grande momento. Logo para esta comemoração vou mostrar por meio de imagens bons momentos que passei contemplando este imenso oceano, em lugares e ocasiões diferentes.

E para lembrar os problemas e o potencial dos oceanos, trago aqui as palavras da grande navegadora francesa Maud de Fontenoy, "embaixadora dos oceanos" da UNESCO, que já os atravessou inúmeras vezes, inclusive a remo e a vela :

"Quando se faz a volta do mundo em um barco, percebe-se que o planeta não é tão grande, e que o oceano ocupa uma grande parte", ela ressaltou. Ora, os "20 milhões de toneladas de lixo" que sujam os oceanos até o alto mar, as liberações de hidrocarbonetos das quais "8 sobre 10 são voluntárias", os imensos descargas de água doce ligadas à fusão das geleiras do Ártico principalmente, a superatividade da pesca de certas espécies e a acidificação da água do mar ligada à absorção de quantidades crescentes de gas carbônico gerados pela atividade humana, tornam este meio cada vez mais frágil, ela explicou."Deve-se voltar o mundo na direçãodo mar, para buscar as soluções dos problemas de amanhã", ela declarou, ressaltando o potencial dos oceanos em matéria de energia e de fonte de alimentação."

Ela tem razão, não é mesmo?


Participam desta blogagem coletiva :


- Allan: O oceano dentro
- Camila Castro: Cruzeiros, e o preço que o planeta paga
- Carioca: Tanto mar
- Ery Roberto: O velho e o mar
- Lucia Malla: O mar em mim
- Lunna Guedes: A procura de casa
- Georgia: Dia do Oceano
- Marcia: A Lagartixa e o Mar
- Luma: Um Mar de Histórias
- Lucia Freitas: Um Mar de Histórias, Histórias do Mar


6.6.09 | Autor: Maria Augusta

Pantanal perto de Corumbá MS Brasil

"Home" : foi o filme que saiu ontem, "Dia Mundial do Meio Ambiente", e foi divulgado gratuitamente pela televisão em 142 paises, assim como em praças públicas, como no Champ de Mars diante da Torre Eiffel, em Paris e no Central Park, em Nova Iorque. Foi o modo que o realizador, o fotógrafo Yann Arthus-Bertrand encontrou para chamar a atenção sobre os problemas encontrados pelo planeta, as suas belezas. E ele não poupou nem meios nem tempo para isto. Contando com o financiamento do grupo Printemps-Pinault-Redoute e com a produção de Luc Besson, suas equipes percorreram o mundo visitando 54 paises, obtendo imagens aéreas tanto célebres quanto desconhecidas, durante 217 dias.

Na minha opinião, não é um filme é um diaporama...uma sequência de imagens tão lindas e artísticas mesmo quando ele fala de lugares poluidos ou da miséria, que muitas vezes é difícil se concentrar sobre a mensagem...que é a ação humana sobre o meio ambiente, e suas consequências sobre o clima...e obrigatoriamente os resultados que a mudança deste terá sobre a atividade humana, pois estamos em circuito fechado...como as grandes migrações, a perda da biodiversidade, a fome. E citando com o exemplo da Ilha de Páscoa, que segundo ele, uma das teorias para o desaparecimento de suas populações é o esgotamento de seus recursos devido à exploração de modo irresponsável, o que poderia ser extrapolado par a Terra.

Mas não é um filme apocalíptico. A frase final "Não temos mais tempo para ser pessimistas", afirma claramente que devemos agir imediatamente e que dispomos de apenas 10 anos para reverter o quadro.

Não vou me estender sobre o filme pois se vocês ainda não o viram na televisão, ele está disponível na Internet (aqui). E, na minha opinião, vale a pena ser visto...e para motivá-los, aí vão algumas de suas imagens.



3.6.09 | Autor: Maria Augusta

No próximo fim de semana, aqui na França, os jardins, parques, pomares, mesmo particulares, abrirão suas portas para o público. Ainda não sei qual jardim vou visitar, vocês me ajudam a escolher? Merci!




As fotos são de Béatrice Pichon-Clarisse e estão no livro "Délicieux Jardins de France" de Béatrice Pichon-Clarisse e Virginie Pierson de Galzain.

1.6.09 | Autor: Maria Augusta
A Terra versus O Mar. Segundo as estimativas dos cientistas, o nível do mar deve subir de 20 a 90 cm até o final deste século, e regiões como as Ilhas Maldivas e parte de Bengadadesh por exemplo, serão submersas existindo a necessidade de deslocar as populações destes lugares. Uma das propostas para resolver este problema é Lilypad, uma ilha artificial auto-suficiente...

"Vincent Callebaut concebeu Lillypad para garantir un habitat aos futuros refugiados climáticos, mas também estender "offshore" os territórios dos países desenvolvidos que estão à procura de novos espaços. Um projeto utópico, apresentado pelo arquiteto como "uma reação ao desenvolvimento do urbanismo ao longo dos litorais e uma solução mais durável que os "polders efêmeros" que existem nos Países Baixos e nos Emirados Árabes Unidos. Esta ecópole, que pode acolher 50000 habitantes se desloca segundo as correntes marinhas de superfície, as ascendentes quentes do Gulf Stream ou descendentes frias do Labrador. "Porque não estar em acordo com o oceano ao invés de sempre contra ele?" interroga Vincente Callebaut, que quer propor com Lillypad "um novo estilo de vida, nômade e ancorado na ecologia urbana no mar". A arquitetura se inspira na forma de uma folha de vitória régia gigante da Amazônia, aumentada 250 vezes. Ele é estruturada formando 3 "montanhas" dedicadas respectivamente ao trabalho, ao comércio e ao lazer. Cada uma é recoberta de alojamentos, arranjados em jardins suspensos, com varandas de 5 a 10 m para a cultura de uma horta biológica. Lilypad é uma cidade autosuficiente. A carcaça é vegetalizada para atrair a fauna marinha e favorecer assim a pesca. Os campos de aquacultura e os corredores bióticos, instalados sob e sobre a carcaça, permitem de cobrir as necessidades alimentares. principalmente, a cidade produz mais energia do que consome. Eólica, fotovoltaica, hidráulica, biomassa...Este coquetel permite a ela de alcançar um balanço energético positivo com emissão de carbono zero. Dois exemplos. As turbinas colocadas na carcaça funcionam como hidroeólicas para produzir eletricidade. E uma lagoa central permite de recolher e purificar as águas da chuva. Outra inovação ecológica : os materiais utilizados para construir a estrutura (fibras de poliester, dióxido de titânio) absorvem a poluição atmosférica. O projeto Lillypad entrou na segunda fase de estudo. O cabinet de Vancent Callebaut se debruça juntamente com uma equipe de cientistas sobre a realização de superfícies menores, do tamanho de um vilarejo" (tradução do artigo e do diaporama de GEO, aqui).

E então isto inspira esperança ou medo? Será que um dia haverá náufragos do clima que precisarão se abrigar em cidades como esta? E neste caso, quais serão os eleitos para habitar estas "arcas de Noé"? Seriam cidades assim soluções se a Terra atingir a superpopulação? Ou será apenas uma "solução sem problema" nascida na imaginação fértil de um arquiteto?


Este post estava previsto para o Ecological Day, ele foi suspenso mas tentarei escrever sobre o meio ambiente no início de cada mês. E por nisso, dia 5 de junho é o "Dia mundial do Meio Ambiente" e dia 8 de junho será o "Dia do Oceano". Fiquem de olho no "Faça a Sua Parte" para acompanhar estas comemorações.