Muito antes e também depois de 20 de julho de1969 (ou 21 de julho para os franceses), o Caminho da Lua já inspirou muitos autores, como Júlio Verne por exemplo. E um dos mais interessantes devido à semelhança com o que realmente aconteceu foi Hergé com seus álbuns de Tintin "Objetivo Lua" e a continuação "Andamos na Lua", publicados em 1953 e 1954, respectivamente. Eles, 15 anos antes da proeza de Neil Armstrong, Buzz Aldrin e Michael Collins, através de uma trama de espionagem (o que explica o fato de que viajam armados), levaram Tintin, o professor Girassol, o capitão Haddock e Milu à Lua. As semelhanças em relação ao que se passou realmente durante as missões Apolo são impressionantes em vários pontos. Também pudera, Hergé era apaixonado pelas ciências e para realizar estes álbuns contou com os conselhos do professor franco-russo Alexandre Ananoff, um especialista da astronáutica e cada detalhe da viagem espacial foi estudado para trazer o maior realismo possível. 
O foguete que leva Tintin e sua turma à Lua é à propulsão nuclear. Esta foi uma das possibilidades que a NASA estudou para suas viagens, mas acabou adotando o combustível líquido, devido à polêmica que o nuclear causava na época. Hergé optou também por um foguete compacto que ia "inteiro" até a Lua, ao contrário das naves Apolo que são compostas de módulos que se separam e/ou se acoplam. 
Ele também levou em conta o efeito da ausência de gravidade (que no caso ele "compensa" com a aceleração do foguete), fazendo flutuar os corpos e até o whiskey do capitão Haddock (quando o motor estava desligado). No entanto, a nave do professor Girassol levou só 4 horas para alcançar a Lua, enquanto a Apolo 11 precisou de 3 dias... 
O aspecto da Lua também foi imaginado com certa fidelidade, apesar de que o relevo era mais escarpado que o real, o solo cinzento, desolador, a ausência de atmosfera (que torna obrigatório o uso de escafandros) coincidem com o que foi encontrado pelos astronautas que lá estiveram 15 anos depois. Até os "pulos de gazela", que estes descobriram ser o modo mais eficaz para andar na Lua, haviam sido previstos no álbum de Tintin. 
O jipe lunar que as últimas Apolos que estiveram na Lua usaram, também já se estavam representadas no álbum, embora como um veículo bem maior. E a Terra vista da Lua, que causou uma das sensações mais marcantes nos astronautas verdadeiros, é mencionada por Hergé, quando fala sobre "o clarão da Terra" ou da "nossa boa velha Terra" nos diálogos entre os personagens. 
E Tintin também flutuou no espaço (quando o Capitão Haddock, completamente bêbado, saiu da nave), como os astronautas fazem até hoje. 
E olha que gracinha o Milu vestido de astronauta...teve mais sorte que a cadelinha russa Laika, que não resistiu à viagem... Pois é, muito antes que estas acontecessem, o Homem já sonhava com as viagens espaciais, e, especialmente, com o que encontraria no nosso satélite encantador, a Lua. Este post é uma homenagem aos 40 anos de nossa ida até lá. Certamente há muito o que fazer aqui mesmo na Terra, e as viagens espaciais não são a prioridade. Mas o que pode impedir a mente humana de voar?
Vídeos trazendo os desenhos animados baseados nestes álbuns, "Objetivo Lua" e "Andamos na Lua" (em português) : Parte 1 Parte 2 Parte 3 Parte 4
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