Cada tipo de comércio tinha seu grito característico, por exemplo :
Vendedores de madeira e carvoeiros : "Madeira-carvão!Madeira-carvão!"
E as mulheres dos carvoeiros vendiam os gravetos : "Belos gravetos!" "Belos Gravetos" "Ao fogo os gravetos!"
"Ao fogo!"
O vendedor de estanhos : "Estanhos, estanhos, meus belos estanhos!" "Para beber, para ver, os belos estanhos!" (os copos eram de estanho, só a nobreza tinha copos de vidro)
Vendedora de roupas usadas em sua charrete : "Sim, senhoras, sim! Roupas, roupas, bem baratinho"
Vigilantes noturnos : "O guarda vigia ! São onze horas, gente boa!" "Durmam tranquilos,o guarda vigia!" ...e repetia isto todas as horas.
Quem diria, que um dia os gritos dos ambulantes se transformaria em obras de arte?
* Música : Les Cris de Paris (Clément Janequin) interpretada pelo Ensemble Clément Janequin Dominique Visse. Nela, que foi escrito em francês do século XV, vários trechos repetem os gritos dos comerciantes ambulantes.
Update (25/06/2009) :
O Entremares deixou nos comentários sua colaboração para a galeria de gritos :
"Oh, freguesa, os meus agriões... veja aqui os meus agriões..." ( a cigana )
"São da horta, as minhas batatas. Aproveitem agora, antes que chegue aí a ASAE e confisque tudo... é de aproveitar" ( o ex-merceeiro )
"T-Shirt's da moda... é 5€ cada, é pra' aproveitar... olhas últimas T-Shirts do Dança Comigo... olha... "( a D. Ermelinda )
E pronto... assim é o nosso mercado aqui em Elvas, todos os sábados pela manhã...
E eu me lembrei de alguns, que ficaram gravados na minha mente vindo da minha infância em São Paulo :
"Guarda-chuveiro, vaaaaai chover!!!!!!" (às vezes em um dia de sol a pique...)
"Embaré, só paga 10!" (dos vendedores de balas nos trens)
"Moça bonita não paga...mas também não leva!" (nas feiras livres)
E estas quem nos trouxe foi o Jorge, do Expresso da Linha :
Então aqui vão dois típicos que ainda são do meu tempo em Lisboa:
- "Quem quer figos quem quer almoçar"
- "Olha a vivinha da costa" (sardinhas)
Update (26/06/09)
A Selena transformou a cantoria das ruas em poesia :
"O grito da mãe que chama o moleque prá da rua sair, sempre na mesma hora do dia.
O charreteiro que trazia o leite tirado na hora.
A pamonha,o verdureiro, o amolador e o homem que trocava garrafa por pintinhos, aluminio velho por moeda de pouco valor, mas que fazia alegria da criançada da rua que esgotavam o estoque de doce do armazém local.
O som do realejo, o sorveteiro, o vendedor de algodão doce.
AH! O grito do carteiro..esse sempre muito esperado pois novidade ele trazia.
Tinha também o jegue pintando de zebra ou a lhama que puxava a charrete prá alegrar a criança e tirar fotografia.
Músicas de todos os dias.
Vendedor de melancia que virou jazz, baião. Musica e melodia.
A notícia que na Roma antiga era gritada em praça pública, era aquela a ordem do dia.
Os venderos ambulantes que encantavam e cansavam suas cordas a troco de publicidade...então nasceu a coragem e a vontade que outros te conhecessem. A música de cada dia.
O barulho do galo que está a se recolher.
O auto falante que anuncia de nascimento a falecimento...o barulho todo dia.
Mas quanta melodia tinha todos esses ouvires.
São gritos de guerra feitos com poesia para cada hora do dia.Acho que ficaria dias aqui lembrando os sons que ouvia e hoje são tão raros de ouvir. Foram substituidos, dezimados ou esquecidos, passaram a integrar a lista de ruídos que causam estresse e prejudica a audição...
Muitas considerações...
Encantadora postagem que fez.
Me faz perceber que apenas o silêncio é capaz de nos fazer ouvir. Acho que "chovi no molhado" mas entre ouvir uma teoria e um pensamento existente uma distância enorme quando temos o sentimento como aliado.
O circo que chegava e consigo trazia os ciganos e quanto medo eu sentia. Suas musícas.
Ah Folia de reis, novena e som de procissão...Vixi.....a cantorias... fui rsrs"
E a Georgia tembém tem lembranças ligadas aos brados das ruas :
"Eu peguei essa fase quando crianca; na nossa rua bem cedinho passava o peixeiro: Ele gritava: - "Ooooolha o peeeeeeeeexe! Quem vai quereeeeeeeeer? Táaaaaaaaaa fresquiiiiiiiinho!"
Ele nao dizia "peixe" ele dizia "pexe"., rs
O livro de Rute na Biblia retrata bem a mulher que vai catando os graveto atrás, ela catava trigo, milho, cereais, tudo que ia caindo dos cestos dos trabalhadores...é uma linda história, nao sei se você conhece."
A Aninha lembrou dos vendedores de churros :
"Aqui ainda hoje, temos na época da temporada, o vendedor de churros, que passa com seu carro utilitário, vendendo, gritando e agradando crianças e marmanjos também."
A Meire também se lembrou de gritos de vendedores :
"Me recordei do grito do vendedor de pamonhas...Aqui tem um que grita, ele presta serviços de consertador de guarda chuvas, afiador de facas e conserta fogao a gas...rs"
E vejam que singela esta imagem da infância da Sonia :
"Me reportou à minha infância, à casa dos meus avós maternos, que ficava em Pinheiros, bem defronte à Igreja do Calvário e o Cemitério SP. Você que é de lá deve lembrar da região. Eu ficava debruçada no muro, e me recordo dos sons que os ambulantes faziam em suas carrocinhas... O que vendia leite de cabra, batendo sinos, com uma porção de cabras andando pela rua, o que vendia raspadinha... bijou...batendo em duas madeiras..."
Update (27/06/09)
A Luma lembrou que os ambulantes atuais usam buzinas :
"Na minha rua ainda passam também pequenos ambulantes, amoladores de faca, padeiros, vendedores de peixe e eles carregam os produtos em uma cesta de bambu (tipo piquenique) em suas bicicletas e apertam sem parar a buzina fon-fon ou trin-trim! Acho lindinho e nostalgico.
Já na praia vemos toda a sorte de ambulantes andarilhos, vendem óculos de sol, protetor solar, cangas, biquinis, enfim, todos os apetrechos para um bom banho de sol, além da famosíssima "Empada praiana". Essa eu me animo logo quando escuto: "Olha a empada praiana"
23 comentários :
muito interessante. será que o nome "braderie" vem daí, de dar brados? mas olha, vi isso aqui: http://www.paris.fr/portail/Parcs/Portal.lut?page_id=104&document_type_id=2&document_id=69726&portlet_id=11103, e me lembrei de você. beijo.
http://www.paris.fr/portail/Parcs/Portal.lut?page_id=104&document_type_id=2&document_id=69726&portlet_id=11103
Interessantíssima abordagem. Por cá continua a gritaria, embora os grandes pregôes típicos tenham de todo desaparecido com o advento dos supermercados e dos centros comerciais. Mas ainda me lembra de ouvir muitos em plena Lisboa.
Menina, mas que interessante! Adorei saber..Me recordei do grito do vendedor de pamonhas...Aqui tem um que grita, ele presta serviços de consertador de guarda chuvas, afiador de facas e conserta fogao a gas...rs
Bjs
Oh, freguesa, os meus agriões... veja aqui os meus agriões... ( a cigana )
São da horta, as minhas batatas. Aproveitem agora, antes que chegue aí a ASAE e confisque tudo... é de aproveitar ( o ex-merceeiro )
T-Shirt's da moda... é 5€ cada, é pra' aproveitar... olh as últimas T-Shirts do Dança Comigo... olha... ( a D. Ermelinda )
E pronto... assim é o nosso mercado aqui em Elvas, todos os sábados pela manhã...
Como nos velhos tempos...
Beijos.
Oi Maria Augusta, boa tarde, adorei seu post. Nossa, não fazia idéia que a famosa gritaria das feiras paulistanas tivessem existido também na França. Mas aqui em SP a gritaria diminuiu bastante, agora tem até o PSIU nessa história que resolveu implicar também. Aliás, com tantos barulhos na cidade, até a feira agora incomoda. rs
Beijos
Então aqui vão dois típicos que ainda são do meu tempo em Lisboa:
- "Quem quer figos quem quer almoçar"
- "Olha a vivinha da costa" (sardinhas)
São músicas da infância da vida, que embalam nossas lembranças.
Barulho de feira com frases que hoje, pouco ouço na cidade grande, e quanto maior essa for menos cantoria ela possui.
O grito da mãe que chama o moleque prá da rua sair, sempre na mesma hora do dia.
O charreteiro que trazia o leite tirado na hora.
A pamonha,o verdureiro, o amolador e o homem que trocava garrafa por pintinhos, aluminio velho por moeda de pouco valor, mas que fazia alegria da criançada da rua que esgotavam o estoque de doce do armazém local.
O som do realejo, o sorveteiro, o vendedor de algodão doce.
AH! O grito do carteiro..esse sempre muito esperado pois novidade ele trazia.
Tinha também o jegue pintando de zebra ou a lhama que puxava a charrete prá alegrar a criança e tirar fotografia.
Músicas de todos os dias.
Vendedor de melancia que virou jazz, baião. Musica e melodia.
A notícia que na Roma antiga era gritada em praça pública, era aquela a ordem do dia.
Os venderos ambulantes que encantavam e cansavam suas cordas a troco de publicidade...então nasceu a coragem e a vontade que outros te conhecessem. A música de cada dia.
O barulho do galo que está a se recolher.
O auto falante que anuncia de nascimento a falecimento...o barulho todo dia.
Mas quanta melodia tinha todos esses ouvires.
São gritos de guerra feitos com poesia para cada hora do dia.Acho que ficaria dias aqui lembrando os sons que ouvia e hoje são tão raros de ouvir. Foram substituidos, dezimados ou esquecidos, passaram a integrar a lista de ruídos que causam estresse e prejudica a audição...
Muitas considerações...
Encantadora postagem que fez.
Me faz perceber que apenas o silêncio é capaz de nos fazer ouvir. Acho que "chovi no molhado" mas entre ouvir uma teoria e um pensamento existente uma distância enorme quando temos o sentimento como aliado.
O circo que chegava e consigo trazia os ciganos e quanto medo eu sentia. Suas musícas.
Ah Folia de reis, novena e som de procissão...Vixi.....a cantorias... fui rsrs
Beijos, Maria Augusta
Sempre gostei dessa musicalidade das feiras aqui de São Paulo e é legal saber que isso de certa forma é uma herança, não é mesmo? Grande abraço
Teresa, bem lembrado, a braderie", venda aos gritos e bem barata, deve vir de lá. Alias, ela está chegando, aqui em geral é no fim de julho. Obrigada pelo link do "Jardim efêmero", já fui ver.
Beijos.
Jorge, é verdade que o ruido dos ambulantes deu origem ao dos carros nas ruas e estes foram substituidos pelos supermercados.
Obrigada pelas frases que você trouxe de Lisboa!
Um abraço.
Meire, que personagem interessante você descreve! Aqui não se vê mais profissionais polivalentes assim...
Um grande beijo.
Entremares, que belas frases você nos trouxe, já estão devidamente incorporadas no post, muito obrigada!
Abraços.
Lunna, que pena que a gritaria nas feiras de São Paulo está diminuindo, achava muito divertidas aquelas frases dos feirantes.
Beijos.
Selena, você transformou a cantoria em poesia, ficou lindo! Muiiito obrigada.
Marco, é uma herança da época que o único veículo para fazer a publicidade de seus produtos era a voz do vendedor...
Abraços.
Maria Augusta, que post legal esse seu falando sobre o brado dos vendedores.
Eu peguei essa fase quando crianca; na nossa rua bem cedinho passava o peixeiro: Ele gritava: - "Ooooolha o peeeeeeeeexe! Quem vai quereeeeeeeeer? Táaaaaaaaaa fresquiiiiiiiinho!"
Ele nao dizia "peixe" ele dizia "pexe"., rs
O livro de Rute na Biblia retrata bem a mulher que vai catando os graveto atrás, ela catava trigo, milho, cereais, tudo que ia caindo dos cestos dos trabalhadores...é uma linda história, nao sei se você conhece.
Olha, as miniaturas nao estao dando para abrir.
Gostei muito do post.
Um lindo dia prá você e obrigada pelo carinho com o Daniel.
Bom fim de semana
Um grande beijo
Uuupps! Parabéns ao texto da Selena, realmente muito bonito e bem propício.
Beijos
Georgia, legal que você trouxe o grito do peixeiro do Rio. Olha, as miniaturas "se abrem" embaixo, substituindo a imagem e o texto que estão mostrados da miniatura anterior. Testei com Firefox e IE, em 2 computadores diferentes e está funcionando, não consegui encontrar o problema...
Beijos.
Maria Augusta, que maravilha de post.
Como ele rendeu up date, pela colaboração de todos.
Acho que todos nós temos nossas histórias de vendedores, seja nas feiras, ou nas nossas ruas.
Aqui ainda hoje, temos na época da temporada, o vendedor de churros, que passa com seu carro utilitário, vendendo, gritando e agradando crianças e marmanjos também.
Um beijo querida.
Oi Maria Augusta eu tb uso o firefox. Nao abriu; é a seguranca dos programas instaldos aqui, tá vendo como é.
Que pena.
Mas mesmo assim uma postagem linda.
Bom fim de semana
Um grande beijo
Maria Augusta, agora que o programa de email abriu o link, vim tentar novamente e agora o programa liberou. Continuo aprendendo coisas nesse me PC, rs.
Valeu obrigada
Beijos
Particularmente não gosto da gritaria daqui! Me constrange, e sou bastante tímido para revidar às piadinhas! Prefiro mercados mais sérios e menos gritados....
Que interessante tema, Maria Augusta! Tanto pelo conteúdo, quanto pelas fotos e música!
Me reportou à minha infância, à casa dos meus avós maternos, que ficava em Pinheiros, bem defronte à Igreja do Calvário e o Cemitério SP. Você que é de lá deve lembrar da região. Eu ficava debruçada no muro, e me recordo dos sons que os ambulantes faziam em suas carrocinhas... O que vendia leite de cabra, batendo sinos, com uma porção de cabras andando pela rua, o que vendia raspadinha... bijou...batendo em duas madeiras...
Lindo post, Maria Augusta!
Bjs.
Aninha, realmente a colaboração espontânea de todos enriqueceu enormemente este post. O vendedor de churros deve animar bastante em época de temporada...
Um grande beijo.
Georgia, pode ser também um problema de espaço na memoria, pois a pagina esta bem carregada. Felizmente que você conseguiu abri-lo.
Um beijão.
Eduardo, quando estava ai também não gostava muito da gritaria dos feirantes . Mas não a ouvindo mais, sinto falta rs.
Abraços.
Sonia, conhecendo o trânsito e o movimento deste canto de São Paulo hoje em dia é dificil imaginar que ha algumas décadas havia os sininhos das cabras e o barulho dos vendedores de bijous...que linda imagem!
Beijos.
Amigos, muito obrigada a todos que colaboraram trazendo os sons de suas lembranças para enriquecer este post. Fizemos uma viagem no tempo e no espaço seguindo a cantoria das ruas...
Adorei!
Maria Augusta, agora os grandes ambulantes passam com carro e alto-falantes, uma coisa!
Na minha rua ainda passam também pequenos ambulantes, amoladores de faca, padeiros, vendedores de peixe e eles carregam os produtos em uma cesta de bambu (tipo piquenique) em suas bicicletas e apertam sem parar a buzina fon-fon ou trin-trim! Acho lindinho e nostalgico.
Já na praia vemos toda a sorte de ambulantes andarilhos, vendem óculos de sol, protetor solar, cangas, biquinis, enfim, todos os apetrechos para um bom banho de sol, além da famosíssima "Empada praiana". Essa eu me animo logo quando escuto: "Olha a empada praiana" :=))) Beijus
Rebeca e Jota Cê, muito obrigada pela visita e pelo comentario, voltem sempre.
Abraços.
Luma, você lembrou bem dos ambulantes da praia, realmente eles são bem atuais.
Beijos.