Menino jóquei na Mongólia - Tomasz Gudzowaty (3° lugar na categoria "Esportes")
A agência World Press Photo de Amsterdã promove anualmente um concurso para premiar as melhores fotos realizadas para a imprensa em dez categorias, como "Atualidades", "Esporte", "Natureza", etc. Nesta 52° edição relativa ao ano de 2008, a palma de "fotografia do ano" foi atribuida ao fotógrafo Anthony Sau, e mostra um detetive armado no interior de uma das casas das quais os proprietários foram expulsos devido à crise das subprimes. Trata-se de uma foto em branco e preto carregada de tensão, parece um ambiente de guerrilha (veja no diaporama abaixo, escolhi para ilustrar o post uma foto mais "poética").
O que me chamou a atenção nestas fotos é que a grande maioria das premiadas mostram momentos de guerra, violência ou desespero. Notem que as que se referem ao Brasil, uma mostra um sem-teto nas ruas de São Paulo (fiquei pensando no contraste com as fotos que tirei quando estive lá como as do post anterior, será que sou alienada?) e a outra uma mulher resistindo à uma ação de expulsão dos sem-terra, em Manaus. São situações críticas que precisam de solução, faz parte da liberdade de imprensa e é sua obrigação expô-las à sociedade. Mas será que esta super-exposição da tragédia humana tem realmente como intenção contribuir para que estes problemas sejam resolvidos? Ou será que é simplesmente porque são a violência e a miséria que dão Ibope e fazem vender jornais?
Veja todas as fotos premiadas aqui.
14 comentários :
Maria Augusta, já vinha há algum tempo querendo postar sobre o concurso anual da agência "World Press", mas não tinha resolvido ainda a questão técnica de como apresentar as fotos. Você resolveu com extrema elegância! A primeira foto é linda mesmo.
Já vi edições anteriores da premiação e as fotos são incríveis. Esta que você publicou é ótima.
E parabéns pelo novo espaço. Ficou uma beleza.
maria,
não, maria... uma pessoa que escreve o voce escreve, que se expressa como voce se expressa, que se envolve em causas como voce se envolve não pode sequer imaginar que seja alienada. é o país, minha cara, que a faz pensar assim.
não se sinta culpada. a alienação não é nossa em relação ao país, mas sim dele em relação a nós. é ele que nos aliena, é ele que nos afasta, é ele que, tristemente, nos deixa a mercê da violência que afronta nossas vidas, da miséria que ronda nossas casas, da sujeira impregnada na conduta dos falsos homens públicos, a qual perpassa os tecidos da nossa sociedade, se espalha como erva daninha por todas as suas camadas e nelas se replica como se fosse a praga de uma profecia maléfica.
alguém poderia dizer: "ah! mas o país somos nós!"... até que ponto esse alguém estaria certo? voce se vê nele?
Bom dia Maria Augusta!
Alienada, você?
De jeito nenhum, rs.
O maior problema que vejo é que é memso sensacionalismo, pois as pessoas que podem resolver a questao nao se sensibilizam mais. Quem se sensibiliza sao pessoas comuns como nós que ficamos chocados, que fazemos comparacao com as nossas vidas.
Infelizmente o mundo vive de espetáculos. Já foi assim no tempo das arenas, agora a arena é o mundo.
Um beijo grande
Kovacs, o diaporama é uma boa maneira de apresentar uma sequência de imagens, e como podemos colocar as legendas é muito prático.
Abraços.
Lino, benvindo a este nosso novo cantinho. Esta foto está linda mesmo, o P&B sublima as expressões, gosto muito.
Um abração.
Gilrang, depois que mudei para cá que percebi a distância que há entre o povo e os governantes no Brasil, pois aqui quando o povo se manifesta, o governo reage em função, afinal o segundo está lá para servir o primeiro. Se isto pode servir de consolo, desta vez senti uma melhoria nos lugares onde andei aí no Brasil, por exemplo em algum momento vi crianças pedindo dinheiro nos semáforos, o que ocorria sempre nas vezes anteriores.
Um abração.
Georgia, é como você disse, o sensacionalismo é que "dá IBOPE". Por exemplo sempre fico chateada pois cada vez que falam do Brasil aqui, eles tem que mostrar as favelas. Elas existem, é inegável, mas os aspectos positivos do país são eclipsados por este problema.
Um grande beijo.
As fotos sao lindas e ao mesmo tempo triste. Infelizmente como voce disse, violencia e meiseria da ibope.
Bjs
Maria Augusta infelizmente embora parcialmente responsáveis pouco podemos fazer quanto a fenômenos climáticos que mostram a força da natureza da qual somos apenas coadjuvantes...fotos sobre isto sempre são de um impacto de terror e ao mesmo tempo de beleza e mistério...As violências do nosso tão e cada vez mais conturbado e pertubador dia a dia,também produzem um cenário único para estes artistas da fotografia e por mais controverso que pareça alí também existe uma beleza negra como a da foto vencedora...Quanto a sua alienação é tudo menos isto...mas verdade seja dita se não colocarmos nosso foco nas coisas mais amenas e de belezas mais tranquila,como sobreviver?
Pollyana é preciso...
òtimo post..beijos querida!
Todos os anos o prémio maior vai para uma imagem de tragédia. Isso é o que faz vender papel.
Mas o Mundo tem outra faceta : A beleza das coisas simples e que podem ter idêntica força como imagem.
Mas o povão quer drama, quer tragédia, quer sangue.
Entre as premiadas, sendo bélica embora, apreciei aquela da luta tribal no Quénia.
Muito obrigado por ter aqui deixado para nós todas estas imagens.
Um beijo.
Bom dia Maria Augusta.
É o papel que move o mundo, nao tem jeito. Uma imagem de beleza, calma, mar, tranqüilidade ninguém pára para ver. Somente os amantes da natureza como nós, rs.
Beijos
Meire, elas são ao mesmo tempo belas e tristes, sem dúvida.
Beijos.
Vi, é verdade, ver a "metade cheia" do copo, é fundamental para sobreviver...
Um beijão.
João, mesmo estes momentos dramáticos tem um lado artístico forte, né?
Abraços.
Georgia, que bom que você está cada vez mais engajada na causa da defesa da natureza.
Um grande beijo.
Maria Augusta, eu vi as fotos quando saiu a premiação e não gostei da premiada. Aliás, a foto que mais gostei das selecionadas, comentei com várias pessoas o carinho que expressava e o pensamento singelo que me ocorreu na hora em que a vi. Mas não ganhou justamente por ser em época de campanha de Obama, daí ficaria parecendo coisa errada. Viu a foto do casal Obama?
Mas veja, esse concurso é de fotojornalismo e a violência é o que está mais presente nos noticiários.
Bom fim de semana! Beijus
Maria Augusta, gosto demais de fotografia, mas quando partem para as melhores do ano etc, a coisa fica meio subjetiva e nem sempre nos agradam. A do casal Obama me pareceu muito interessante.
Grande abraço.
Luma, também gostei da foto do casal Obama, a coloquei no diaporama, acho que não foi eleita a melhor, apesar de que a apuração do concurso foi em fevereiro último e as eleições americanas já haviam passado, porque as que mostram calamidades são as mais "populares".
Um beijão.
Adelino, também acho os critérios subjetivos, principalmente por se tratar de fotojornalismo, não é só a pate artística que é considerada.
Um grande abraço.
Eu adoro fotografias, mas quando o assunto é a foto do ano ou concursos me desligo. Não sei porque não mostrar uma pequena farfalla em seu vôo matinal sob a luz da manhã ou coisas alegres e incríveis da vida. Não, preferem mostrar o indigesto, como se assim o mundo ficasse melhor. Sei lá. Prefiro usar a lente para coisas mais interessantes e leves. Enfim, o humano gosta do darkside. Beijos caríssima