28.5.10 | Autor: Maria Augusta

Você assistiu o filme "Alice no Pais das Maravilhas" de Tim Burton? Entre outras coisas, o que me impressionou nele foram os trajes dos personagens e o quanto eles são importantes para o ambiente que se quer criar em um filme. Segundo as palavras da "customière" Colleen Atwood que os concebeu foi um verdadeiro desafio criar o contraste entre o mundo real e o mundo virtual no qual mergulhava Alice. Por exemplo, para ela, no mundo real seu vestido era clássico da era vitoriana, mas no mundo virtual como Alice mudava de tamanho indo da "miniatura" a gigante, as roupas e os tecidos usados para realizá-las deviam seguir as metamorfoses assim como as situações : no filme, quando seu tamanho aumentou a Rainha Vermelha mandou fazer seu vestido a partir de uma cortina.

Quanto ao Chapeleiro Louco, houve uma grande participação do próprio Johnny Depp na concepção do chapéu e dos trajes, foi ele que sugeriu que o chapéu mudasse em função de seu humor. Quanto à malvada Rainha Vermelha, sua roupa foi inspirada no coração do naipe "copas" das cartas de baralho, sempre com certa vulgaridade para associá-la à maldade. Para a Rainha Branca, a boazinha, ela desenhou um vestido cintilante coberto de flocos de neve de seda evocando a delicadeza do personagem. Anne Hathaway, a artista que interpretou este personagem declarou : "Foi o vestido mais majestoso e frágil que já usei em toda a minha vida...Se alguém sonha em ser princesa é o vestido que deve usar".

E este filme de Tim Burton não é o único no qual os artistas se vestem de roupas de sonho, muitas vezes concebidas pelos mestres da alta costura para se transformar nos seres dos contos de fadas. Vejam mais alguns exemplos no diaporama abaixo :










Mudando de assunto : Amigos que me visitam, vocês devem ter percebido que a frequência das postagens está bastante aleatória por aqui. É que estou sentindo que o formato do CCCJ está precisando de uma renovação e por enquanto ainda não descobri uma nova fórmula. Vou continuar procurando, pois gostaria de manter sempre aberta esta (ou outra) sala de visitas virtual, este diálogo que mantemos aqui é precioso demais para ser interrompido. Por enquanto, espero contar com a compreensão de vocês neste período de transição...

17.5.10 | Autor: Maria Augusta

Sempre me impressiono com a riqueza e diversidade mundial dos acervos quando vou a um grande museu como o Louvre, ou o Metropolitan e todos os outros museus ocidentais...Quando vemos a Vitoria de Samothrace imponente no alto da escadaria do Louvre, filas para ver a cabeça de Nefertiti em Berlim, os afrescos do Parthenon em Londres, parece que a mundialização no domínio das artes já começou há muito tempo, não é mesmo? Mas parece que não é bem assim...

Busto de Nefertiti no Neues Museum em Berlim que é rclamado pelo Egito, embora o museu recuse baseado em documentos.

Foto : Pierre ADENIS/GAFF-LAIF-REA (fonte : Le Figaro)

Nestes últimos meses aconteceu uma reunião dos aqui chamados paises "do sul" visando fazer com que estas obras de arte que estão dispersas pelo mundo retornem a seus paises de origem. Um que reclama com veemência o retorno de seu prestigioso patrimônio é o Egito e para começar, ele deseja recuperar a cabeça de Nefertiti que está em Berlim e a pedra da Roseta, que está no British Museum em Londres. Por seu lado, a Grécia está solicitando à Inglaterra a volta dos altos relevos em mármore do Parthenon para serem reinstalados em seus devidos lugares originais, o Mali reclamou suas estatuetas que estavam no museu de artes primitivas de Paris e por aí vai...e será que eles tem chance de recuperá-las?

Mármores do Partenon, que estão no British Museum e cuja devolução é solicitada pelos gregos.

(Fonte : Le Figaro)

Parece que tudo depende da forma como elas foram adquiridas, se legalmente ou não. Por exemplo, em um encontro com o presidente do Egito recentemente, Nicolas Sarkozy devolveu a ele cinco fragmentos provenientes de um túmulo situado no Vale dos Reis que teria pertencido a um dignatário egípcio que viveu entre 1550 e 1290 aC. O museu do Louvre havia comprado estas peças recentemente "de boa fé" e no entanto elas teriam saido ilegalmente do Egito, que exigiu sua devolução.

Zodíaco de Denderá, há 200 anos no museu do Louvre e cuja restituição é solicitada pelos egípcios.

(Fonte : Le Figaro)

E não são apenas as obras oriundas de monumentos históricos que estão sendo reclamadas. Durante a Segunda Guerra Mundial por exemplo, muitas famílias principalmente judias tiveram obras de arte confiscadas pelos nazistas, que atualmente se encontram espalhadas pelo mundo em posse de particulares e de museus. Os descendentes destas famílias tem tentado recuperá-las, como é o caso da obra de Gustave Klimt "O retrato de Adele Bloch-Bauer", devolvida recentemente à sobrinha da retratada após um longo processo movido "por razões sentimentais"...as quais duraram algumas semanas após a recuperação da obra, até que o quadro foi vendido a um milionário americano por 135 milhões de dólares.

Retrato de Adèle Bloch-Bauer de Klimt, que foi devolvido à família da retratada pelo museu Belvedere de Viena.

(Fonte : Le Figaro)

Em todo caso, tudo isto ainda via dar muito "pano para mangas". Afinal uma obra de arte pertence ao país que a produziu ou à humanidade inteira? O que foi obtido legalmente no passado pode ser reclamado diante da situação política atual? E o que quer dizer "legalmente", uma presa de guerra era considerada como legítima pelo vencedor, mas isto é ético? E os paises que reclamam as obras será que são capazes de mantê-las em bom estado? A presença destas obras em museus onde podem ser vistas por milhares de pessoas não seria mais interessante para divulgar o patrimônio cultural de um país? Enfim são muitas as perguntas e as respostas são extremamente relativas...


8.5.10 | Autor: Maria Augusta

Aqui na Europa a semana foi assim : falou-se da crise grega que ameaça contagiar outros paises e que fez a taxa de câmbio do euro despencar nas cotações...falou-se de novo no vulcão islandês que continua a expelir cinzas que continuam a fechar o espaço aéreo que elas atravessam. Comentou-se bastante também sobre os problemas do outro lado do Atlântico como a maré de petróleo que ameaça as costas americanas ou do outro lado do canal da Mancha, como as eleições na Inglaterra. Um item mais ameno da atualidade foi o eco da abertura da exposição universal de Xangai que ocorreu na semana passada na China e do sucesso da "operação charme" lançada pelos franceses para reconquistar este país. Sim, porque depois de vaiar a chama olímpica em sua passagem por Paris e de receber o dalai lama, a imagem da França estava meio desbotada no Império do Meio...e como todos sabem que comerciar com a China hoje em dia é imprencidível para qualquer país, era preciso "redourar a pílula".

E para isto não foram poupados esforços para a construção do pavilhão francês para a exposição de Xangai. O arquiteto vencedor do concurso realizado para sua concepção foi Jacques Ferrier, com o projeto intitulado " A cidade sensual" pois segundo os criadores a exposição fará com que os visitantes experimentem os "sete sentidos", ou seja, além dos cinco normais que são a a visão, a audição, o olfato, o toque, o sabor, foram incluidos também o equilíbrio e o movimento, critérios muito valorizados pelos chineses. E estes sentidos seriam sensibilizados por meio dos produtos franceses expostos : gastronomia, perfumes, etc., além do "alimento para o intelecto" que não é negligenciável : o museu d'Orsay emprestou 6 obras (5 pinturas e uma escultura) : «l’Angélus» de Millet, «le Balcon» de Manet, «la Salle de danse à Arles» de Van Gogh, a «Femme à la cafetière» de Cézanne, «la Loge» de Bonnard, «le Repas» (também chamado «Les bananes») de Gauguin et «l’Age d’Airain» de Rodin.

Tendo em mente os critérios do desenvolvimento sustentável o arquiteto propôs um quadrilátero de 6000 m2 cuja estrutura é uma mantilha feita com um concreto muito leve que "flutua" sobre um espelho d'água. Em seu centro foram colocados "jardins à la francesa", mas suspensos e na posição vertical, lembrando um circuito impresso informático, no espírito de ligar a tradição à modernidade. O pavilhão composto de 3 andares contem um auditório, 2 restaurantes gastronômicos, sendo um deles é o 6Sens dos chefs estrelados Jacques & Laurent Pourcel, cujos pratos trazem as cores, odores e sabores da cozinha do Mediterrâneo. O custo total deste pavilhão foi de 50 milhões de euros, sendo que o financiamento foi 50% dos cofres públicos franceses e 50% pago pelas empresas. A inauguração contou com a presença do presidente francês e de sua esposa Carla (cuja presença foi muito apreciada, a fanfarra chinesa até tocou 2 músicas dela) e também de Alain Delon (que é adorado na China), padrinho do pavilhão.

Mas o que achei mais interessante é que durante toda a duração da exposição os casais que desejarem podem realizar um "casamento romântico" no pavilhão França, concorrendo assim a uma viagem de lua de mel em Paris. Pas mal, n'est-ce pas?


Veja alguns pavilhões de outros paises na Exposição Universal de Xangai aqui .



2.5.10 | Autor: Maria Augusta


Lendo sobre as "feral houses" que a Sonia trouxe para este Ecological Day, me lembrei desta proposta do arquiteto Jean Nouvel para a "Grande Paris"(acima) e da nova tendência que está sendo adotada nas construções por aqui : as paredes e os tetos vegetalizados. A razão é que como as novas construções devem levar em conta o impacto ambiental, a presença das plantas nas paredes e no teto apresentam várias vantagens tais como a contribuição à biodiversidade, uma melhoria da qualidade do ar das cidades, um bom isolamento térmico e acústico, além de ajudar no escoamento da agua das chuvas.

Existem dois processos para o teto vegetalizado, o intensivo e o extensivo. O primeiro sistema, o intensivo, é aquele das coberturas dos prédios cobertas por vasos de plantas, cuja manutenção é feita como para um jardim normal. No segundo caso, o teto é recoberto por um "tapete" vegetal, que é colocado sobre uma camada de mineral não muito espessa (~15cm). As plantas usadas são gramíneas e outras plantas que não crescem muito. O imóvel é protegido da penetração das raizes por um revestimento que garante a estanqueidade, recoberto por uma camada de gravetos qua ajuda a drenar a água da chuva.

Quanto às paredes vegetalizadas, a forma mais corrente de obtê-las é pelo uso das trepadeiras, que no entanto exigem uma manutenção constante para não invadir outras áreas e não danificar o reboco. Estas paredes vegetalizadas podem ser tanto internas quanto externas. Vejam abaixo alguns exemplos de imóveis vegetalizados :


Museu do Quai Branly em Paris : esta é uma criação do botanista Patrick Blanc. Este muro vegetal tem uma superfície de 800 m2 e é composto por 15000 plantas oriundas do Japão, da China, dos Estados Unidos e da Europa Central. A instalação é garantida por 30 anos.
©DR
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Este muro vegetal é dos Halles de Avignon (França) e também foi realizado por Patrick Blanc.
©DR
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"Flower Tower" é o nome deste prédio realizado pelo arquiteto Édouard François em Paris. Cada andar possui terraços preenchidos com enormes vasos de concreto contendo bambus que são regados automaticamente. A vegetação filtra o ar e os habitantes tem a impressão de estar em meio à natureza.
©Pierre Marilly DR

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O grupo escolar Buffon em Thiais (França) foi construido na altura das árvores, que são Paulownia imperialis. Foi realizado por Édouard François, em colaboração com Duncan Lewis (1996).
©DR
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Entre os imóveis de um conjunto residencial de Paris, o paisagista Michel Desvigne transplantou uma paisagem natural.Um tapete de hera se estende entre as fachadas, enquanto que os troncos prateados das bétulas preenchem o espaço entre os prédios (1992).
© DR

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Fontes :

Côté Maison
Echobio


Veja também :

Casas Verdejantes (casas vegetalizadas fotografadas pela Sonia do "Leaves of Grass")