21.2.10 | Autor: Maria Augusta

Escrevi este agradecimento ao Rolando Palma no ano passado, quando recebi dele como presente esta imagem que sintetizava este blog publicada no "Entreblogs"...pois ele tinha esta capacidade, de captar a essência das coisas a partir do que escrevíamos e traduzi-la sob a forma de imagens e escritos. Cada vez que ele passava por aqui com seus comentários sempre pertinentes e plenos de filosofia, sempre enriquecia este cantinho.

Qual a diferença entre mares e oceanos? Deve haver uma explicação, mas qual é a importância se ambos abrigam as estrelas-do-mar e inspiram os poetas, não é mesmo? Como por exemplo este poema de Fernando Pessoa que descreve tão bem a alma portuguesa :

Mar Português

"Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu"

Porque hoje estou falando de mares e de Portugal? Porque ambos os assuntos são fascinantes e também para agradecer ao amigo Rolando, do blog Entremares, que colocou este blog entre os três que ele considera os mais criativos, me presenteando com a linda imagem que ilustra este post. Ele navega Entremares, Entreartes, Entremúsicas, Entrefilmes, Entrefotos, sempre com muito talento e elegância, e ainda tem tempo para gestos atenciosos como este em relação aos outros blogs. Muito obrigada, Rolando!

Difícil de acreditar que ele não está mais no nosso mundo real, nem no nosso mundo virtual, que passou a uma outra dimensão. Prefiro acreditar que um ser humano e um intelecto que oferecem tanto, como ele nos oferecia, não desaparecem...E ele que viveu "Entremares", "Entreoceanos" (que ele atravessava para ir ver sua querida Regina), nos deixou "Entre Estrelas"...representadas pelas centelhas de seu talento que ele tão generosamente distribuiu na blogosfera. E que cada vez que nos depararmos com um de seus contos ou mesmo com um de seus sábios comentários sentiremos sua presença. E ele, onde estiver, ele deve estar concordando com o que diz Fernando Pessoa no poema acima : "Tudo vale a pena se a alma não é pequena"...

Meus sinceros sentimentos a seus familiares, assim como à Regina e a seus entes queridos.

E obrigada ao Eduardo e ao Jorge por terem reativado a "Tertúlia Virtual", nos reunindo para esta homenagem...

17.2.10 | Autor: Maria Augusta

Frantz Zephrini - uma das primeiras obras feitas no Haiti depois do seisma (fonte aqui)

Há alguns dias vi na televisão um concerto (aqui) onde artistas e personagens políticos e da mídia em geral se apresentavam para angariar fundos para a reconstrução do Haiti. Muito louvável, mas de tudo o que assisti neste programa, o que mais me agradou foi o discurso do ministro da cultura francês Fréderic Mitterrand. Ele citou o escritor haitiano Dany Laferrière, que disse em resumo : "Este país é pobre e sofreu uma catástrofe natural, mas não se deve olhar os haitianos como um povo de mendigos. Sua cultura é riquíssima e devemos ter isso em mente e respeitar sua dignidade". Então falou da importância da cultura para este povo, e que no ano de 2009 três entre os maiores prêmios literários de língua francesa foram ganhos pelos escritores haitianos e que sua pintura é célebre e renomada no mundo todo. Fiquei curiosa a este respeito, pesquisei e no site do jornal jornal "Le Monde", encontrei o link para a galeria Monnin, que traça um histórico dos artistas haitianos, da espontaneidade dos "naïves", até a evolução na direção do "fantástico". São realmente trabalhos magníficos, tudo muito colorido e com luz difusa que realça as obras como se elas emanassem uma luz interior, talvez a manifestação do forte misticismo que habita esta cultura. Veja alguns exemplos (passe o mouse sobre as fotos para ver as legendas) :

Esta galeria felizmente resistiu ao seisma, mas as obras que estavam no palácio presidencial desapareceram, e daquelas que estavam no museu Nader, uma enorme galeria particular contendo mais de 15000 obras dos mestres haitianos, poucas se salvaram. Além disso, os afrescos da igreja episcopal de Santa Trindade (foto abaixo) que eram verdadeiras obras-primas também foram perdidos.

©Jean-Claude Coutasse pour "Le Monde"

Mas o mais importante são sem dúvida as perdas humanas...confesso que não ousei pesquisar para saber quantos artistas entre os citados no diaporama acima ainda estão em vida. No entanto, a reconstrução já começou...os que sobreviveram colocaram "mãos à obra" e alguns tais como Frantz Zephirin acreditam mesmo que a tragédia pode servir como um eletrochoque para fazer seu povo despertar e buscar melhores condições de vida. Outros, como Jean-Louis Henri (foto abaixo) que está completamente traumatizado, preferem partir e se reconstruir no Exterior...mas deixando imortalizado sobre uma tela este momento de seu país.

© Jean-Claude Coutasse pour "Le Monde"

Todos reconhecem que o trabalho deles não será nunca mais o mesmo depois do que viveram neste 12 de janeiro. Mas não são pessimistas, como diz Reynald Joseph "Um quadro é um objeto artístico. E a arte não é feita para falar de tristeza. Mesmo deprimido, machucado, um haitiano se mantem de pé". Só nos resta desejar que a essência da alma haitiana emanada destas obras de arte, possa ajudar este povo a se reerguer.


Fonte dos depoimentos e das fotos : jornal "Le Monde" (aqui).
Outras obras dos artistas que estão no diaporama no site da Galeria Monnin (aqui).

15.2.10 | Autor: Maria Augusta
Não sou uma grande foliona, sempre preferi descansar e viajar durante o Carnaval quando morava no Brasil. Mas reconheço que o Carnaval é um belo espetáculo e sempre disse que pelo menos uma vez na vida gostaria de ver o desfile de escolas de samba do Rio de Janeiro. Mas ainda não será este ano, logo fico aqui "de camarote" observando os foliões se divertirem. Então, que tal darmos a volta ao mundo vendo como os outros paises festejam o Carnaval e ao som de um samba bem brasileiro (clique na foto para ver o diaporama) ?



Fonte das fotos : Portal UOL
9.2.10 | Autor: Maria Augusta

A aproximação do "Dia dos Namorados" daqui me fez lembrar desta foto. Quem não a conhece, não é mesmo? Trata-se dos "O beijo da Prefeitura", feita por Robert Doisneau em 1950. Muito do nosso imaginário sobre Paris, seus habitantes e suas ruas vem das imagens deste fotógrafo, pois este "pescador de imagens", como ele se definia, era considerado um fotógrafo da escola humanista, tendo realizado durante 50 anos milhares de retratos das pessoas simples de Paris e seus arredores...artesãos, operários, namorados, mendigos, meninos de rua, todos foram alvo de sua máquina fotográfica. Ele sabia espreitar o bom momento para captar os instantes que sugeriam o humor, a ironia, a nostalgia, a ternura. Ganhou muitos prêmios e publicou mais de trinta albuns, e neste momento em Paris, está acontecendo uma exposição chamada "Du métier à l'oeuvre", retraçando a evolução de seu trabalho de 1930 a 1966. Veja alguns dos clichês nela apresentados no diaporama abaixo, USE O FULLSCREEN, vale a pena (fonte aqui) :


Site da exposição aqui
Outra fonte : "Robert Doisneau, le pecheur d'images"
6.2.10 | Autor: Maria Augusta
Oba, chegou o final de semana, e com ele as reuniões com a família e os amigos, momentos de descontração em torno de uma bebidinha gelada... aí no hemisfério sul, aqui está mais para um gostoso vinho para esquentar. Mas de qualquer forma, precisamos de alguns petiscos para acompanhar a bebida, né? Pois encontrei um blog do jornal "Le Monde" (aqui) chamado "Para beber e para comer" do Guillaume Long, que tem umas receitinhas ilustradas rápidas e fáceis que podemos fazer neste fim de semana. Para as traduções, passe o mouse sobre os textos, não quis cobrir nem as letras da ilustração dele, achei muito legais. Tem 3 receitas, usa as flechinhas abaixo e à direita do texto para ver as seguintes.

Bom fim de semana e bom apetite!
1.2.10 | Autor: Maria Augusta
O Congresso de Copenhague para o clima fracassou, o Sol que continua "em repouso", o frio terrível deste inverno no Hemisfério Norte, com tudo isto o aquecimento climático e suas causas tem sido muito discutidos e reavaliados. Mas isto não impede neste Ecological Day de constatar os danos que causamos em torno de nós como a poluição industrial e refletir sobre os meios a empregar para não abdicar de nosso conforto e ao mesmo tempo respeitar a natureza. Neste sentido, encontrei o trabalho de J. Henry Fair que percorreu o planeta fazendo fotos aéreas magníficas...mas com um terrível significado! Algumas delas estão listadas abaixo, não hesite a clicar para ampliá-las, são muito bonitas...

A poluição provocada pelos metais pesados perto da usina geradora de eletricidade de Lausitz, na Alemanha.
© J Henry Fair

(clique na imagem para aumentá-la)

Nas minas de carvão, os empregados cavam o solo para liberar este precioso combustível. A parte que não é usada para produção de energia é empilhada para reforçar a estrutura da mina. © J Henry Fair

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Esta imagem foi realizada na Carolina do Sul. A cor laranja corresponde à poluição gerada pela extração de minérios, no caso o carvão. As cinzas, assim como o arsênico, o mercúrio, o selênio e o chumbo entram em contato direto com o lençol freático. © J Henry Fair

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Estas fileiras bem ordenadas são sedimentos revolvidos para a obtenção de carvão. Esta imagem foi feita em Lausitz na Alemanha. © J Henry Fair

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As chaminés das centrais elétricas que funcionam a carvão são muito poluidoras, liberando nuvens carregadas de cinzas. Estas se depositam nos arredores, inclusive na água. © J Henry Fair

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Este "dragão" é uma mina de fosfato na Flórida. Ele é formado pela descarga de rejeitos líquidos provenientes das minas de fosfato. Estes produtos são extremamente tóxicos para o meio ambiente. © J Henry Fair

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Quase um milhão de hectares de florestas antigas dos Montes Apalaches forma destruidas devido à uma exploração de uma mina. As zonas verdes são uma mistura de ervas e de produtos fertilizantes. Estas crescem mas morrem rapidamente.
© J Henry Fair

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Esta também é uma mina de fosfatos na Flórida. A utilização de ácido sulfúrico para a obtenção desta matéria prima para os fertilizantes produz rejeitos ácidos. O tratamento também libera gases à base de fluor. Todos estes compostos são perigosos para os animais que vivem na região. © J Henry Fair

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Este rio dourado parece muito bonito mas é melhor não tocá-lo, pois ele é rico em urânio e em ácidos. © J Henry Fair

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Esta imagem vermelha alaranjada mostra a poluição das águas com mercúrio, cádmio, cromo e arsênico perto da usina geradora de eletricidade de Lausitz na Alemanha © J Henry Fair

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A Agência Americana de Proteção do Meio Ambiente (APE) reconheceu este lugar da Carolina do Norte com sendo vítima de poluição maciça. Os lençóis freáticos foram contaminados pelo arsênico proveniente de bacias de rejeitos líquidos insuficientemente protegidos. © J Henry Fair

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Montanhas de sedimentos resultantes da extração de carvão. © J Henry Fair

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Fonte : L'Internaute